O Partido Socialista venceu as eleições legislativas deste domingo (6) em Portugal, conquistando 36,65% dos votos e aumentando em 20 cadeiras a sua maioria no parlamento do país. Em 2015, o primeiro-ministro Antônio Costa assumiu o poder com 86 assentos no legislativo. O número aumentou para 106.
Desta forma, os socialistas superam com folga seus principais adversários do Partido Social Democrata (PSD, centro-direita), com 27,9% dos votos e 77 assentos contra 89.
Marcada por uma abstenção recorde (45,5%), essa votação confirma que o país é um dos únicos casos na Europa em que os socialistas governam e onde a extrema direita não ganha espaço. Costa não terá, porém, uma maioria absoluta, o que o obrigará buscar o apoio de outras formações num Parlamento amplamente dominado pela esquerda.
Comemorando a vitória com os seus partidários, ele se disse pronto para "renovar a experiência" de uma união de esquerda, que é chamada de "geringonça" em Portugal.
— A estabilidade é essencial para a credibilidade internacional de Portugal e para atrair investidores. O PS vai se esforçar para estabelecer soluções que possam assegurar essa estabilidade em toda a legislatura — acrescentou.
Fim da austeridade e melhora da economia
Após anos de cortes econômicos aplicados em troca de um resgate internacional acertado com Portugal em 2011, em plena crise da dívida, a economia do país está muito melhor. Duramente afetado pela crise da dívida, o país recebeu um resgate de 78 bilhões de euros (2011-2014) da União Europeia e do FMI em troca de um plano drástico de austeridade, reformas e privatizações.
Sem os cortes implementados pela direita, Costa e seu ministro das Finanças, Mario Centeno, chefe do Eurogrupo desde o final de 2017, definiram como prioridade o restabelecimento do poder aquisitivo. O país registra agora seu melhor crescimento desde 2000 (3,5% em 2017 e 2,4% em 2018), enquanto o desemprego caiu para níveis pré-crise (6,4% em julho) e o déficit público será reduzido para 0,2% este ano.
— Saímos de um período muito difícil. Certamente respiramos melhor agora — declarou a professora universitária Ana Maria Varela, 65, após votar "pela esquerda" em Lisboa.
A estratégia do socialista de acelerar o fim de medidas de austeridade aproveitando a situação favorável para continuar reduzindo o déficit foi seu melhor argumento eleitoral.
— Comigo, os portugueses sabem que não haverá nem radicalismos, nem volta atrás. Cada voto conta, e é necessário um PS forte para garantir mais quatro anos de estabilidade —declarou Costa na sexta-feira, último dia de campanha.
Rui Rio, presidente do Partido Social Democrata (PSD), de centro-direita, parece ter aceitado a derrota.
— Seria agradável poder dizer que estou quase certo da vitória, mas não é o caso — disse na sexta-feira o líder da oposição de direita. Nestas últimas semanas, no entanto, ele conseguiu reduzir a vantagem de Costa nas pesquisas.
Segundo Frederico Santi, analista do gabinete Eurasia Group, "o resultado mais provável é um governo minoritário do PS com o apoio de partidos da esquerda radical, ou, em uma hipótese menos provável, com o PAN (Partido das Pessoas, dos Animais e da Natureza).