Por volta da 0h deste sábado (19), o presidente Sebastián Piñera anunciou o "estado de emergência" em Santiago devido a incêndios, saques e confrontos registrados em protestos contra o aumento do preço do metrô nesta sexta-feira (18). O estado de emergência vale também para a província de Chacabuco e para as cidades e regiões metropolitanas de Puente Alto e San Bernardo.
— O objetivo desse estado de emergência é muito simples, mas muito profundo: garantir a ordem pública e a tranquilidade dos habitantes de Santiago — afirmou o presidente.
A prefeita de Santiago, Karla Rubilar, descreveu as ações "como um ataque nunca visto antes na cidade". Pelo menos 16 ônibus de transporte público foram incendiados e uma dúzia de estações da ferrovia metropolitana foram completamente destruídos.
A polícia informou pelo menos 180 detidos e 57 policiais feridos.
Após a convocação de uma série "evasões em massa" no horário de pico, para protestar contra o aumento de 800 para 830 pesos na passagem, manifestantes passaram a atacar as estações do metrô em Santiago. Os grupos derrubaram portões das estações, destruíram catracas e passaram pelos controles de acesso para protestar.
O estado de emergência governa inicialmente por 15 dias e restringe a liberdade de locomoção e montagem. Com base nesses regulamentos, a Associação Nacional de Futebol suspendeu a rodada deste fim de semana.
O general Iturriaga, chefe da Defesa Nacional, disse que as patrulhas militares iriam para os lugares mais conflituosos da cidade - de sete milhões de habitantes -, mas que inicialmente ele não decretaria o toque de recolher.
— Não vamos restringir nenhuma liberdade pessoal por enquanto — disse ele.
#EvasionMasivaTodoElDia
Recrutados nas redes sociais sob o lema #EvasionMasivaTodoElDia, milhares de pessoas — principalmente estudantes — se organizaram ao longo desta semana para protestar contra o aumento das passagens (3,75%) nos horários de pico.
O fechamento forçou os usuários do metrô a subirem à superfície, sobrecarregando o sistema de ônibus da cidade e tendo que caminhar pelas ruas para suas casas, evitando conflitos entre a polícia e os manifestantes.
Na estação de La Moneda, em frente à sede do governo, dezenas de manifestantes — na maioria jovens — depredaram instalações no início da tarde. A polícia respondeu com jatos d'água e bombas de gás lacrimogêneo.
Horas mais tarde, os protestos aumentaram, geraram incidentes maiores, com manifestantes atirando paus e pedras em direção às forças policiais, que reagiram com o uso de carros de choque. A sede do governo foi cercada por um perímetro de segurança.
Na quinta-feira (17), os protestos deixaram 133 presos após ações simultâneas em pelo menos cinco das 164 estações da ferroviária metropolitana, com danos calculados pela empresa estatal entre 400 e 500 milhões de pesos, o equivalente a cerca de 634.000 dólares.
Com base no aumento do preço do petróleo, no dólar e na modernização do sistema, o valor do bilhete do metrô de Santiago nos horários de pico — de manhã e à tarde — subiu para de 830 pesos (cerca de US$ 1,17). Desde 2010, não havia um aumento dessa proporção.
O aumento não afetou o valor das passagens para estudantes e idosos, mas se soma ao aumento geral de 20 pesos nas tarifas decretadas em janeiro passado.