O Ministério Público da Espanha pediu oito anos de prisão – e uma multa de 4 milhões de euros (cerca de R$ 18,2 milhões) – para o sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, que está detido no país desde 25 de junho, quando foi interceptado no aeroporto de Sevilha tentando desembarcar com 37 quilos de cocaína.
O pedido da procuradoria já foi entregue ao Juizado de Instrução de Sevilha. A expectativa, de acordo com o Diario de Sevilla, é que o julgamento do brasileiro ocorra "nos próximos meses".
Com mais de vinte viagens oficiais em comitivas presidenciais, Rodrigues fazia parte da comitiva de apoio do presidente Jair Bolsonaro na viagem para reunião do G20 em Osaka, no Japão. O militar viajou no avião reserva da Presidência da República.
No documento enviado ao tribunal, revelado pelo jornal El Pais, a procuradoria afirma que foram encontrados 37 quilos de droga (e não 39, como inicialmente divulgado pelas autoridades locais), com pureza de 80,14%, avaliados em 1,42 milhão de euros (aproximadamente R$ 5,6 milhões).
Para o MP espanhol, o sargento brasileiro transportava a droga com a intenção de "ser vendida a terceiras pessoas". Os receptores do produto, no entanto, não foram identificados pelas autoridades.
A promotoria justifica a pena de prisão e a multa milionária pedida ao brasileiro devido à grave ameaça à saúde pública e a "notória importância da substância confiscada".
A droga foi encontrada na bagagem de Manoel Silva Rodrigues em uma fiscalização de rotina da Guarda Civil no aeroporto de Sevilha. Segundo as autoridades, o fato de os entorpecentes estarem sem qualquer tipo de disfarce sinaliza que o militar não esperava ser revistado na chegada à Espanha.
No Brasil, o Comando da Aeronáutica não informou se Rodrigues passou por inspeção antes de embarcar. O argumento é de que o tema está sob sigilo por fazer parte da investigação.
O episódio pôs em xeque a segurança presidencial e os procedimentos usados em viagens oficiais.