O furacão Dorian matou ao menos 43 pessoas nas Bahamas, onde deixou um rastro de devastação e milhares de desabrigados, informaram as autoridades locais nesta sexta-feira.
Centenas de pessoas ainda estão desaparecidas após a passagem do furacão e número de mortos deve aumentar nas próximas horas, a partir do avanço dos trabalhos de resgate.
O primeiro-ministro das Bahamas, Hubert Minnis, lamentou a "devastação geracional" causada pelo furacão e declarou, sobre o número de vítimas: "deixe-me dizer que acho que será chocante".
A extensão dos danos no norte das Bahamas começou a ser conhecida ontem, à medida que as equipes de socorro conseguiam percorrer a área para resgatar sobreviventes e levar ajuda às vítimas. Funcionários de funerárias e de necrotérios foram enviados para a região para ajudar as autoridades, informou o ministro da Saúde, Duane Sands.
— É um inferno por toda a parte —, desabafou Brian Harvey, um canadense de Montreal, em entrevista à AFP em Gran Ábaco. — Estava no meu veleiro (...) Perdi tudo —, completou.
Steven Turnquest, que chegou à capital das Bahamas, Nassau, de Marsh Harbour, com seus filhos de quatro e sete anos, disse estar grato por estar vivo.
— Sobrevivi ao furacão agarrado a uma porta — contou.
Uma equipe da AFP que sobrevoou a cidade de Marsh Harbour, na ilha de Great Abaco, na quinta-feira, viu cenas de danos catastróficos, centenas de casas destruídas, carros derrubados, campos inteiros de escombros e inundações generalizadas. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 70 mil pessoas precisam de ajuda imediata.
Helicópteros americanos e britânicos fizeram evacuações médicas, avaliações aéreas para ajudar a coordenar os esforços de socorro e voos de reconhecimento para conhecer os danos. O Programa Mundial de Alimentos da ONU anunciou que há oito toneladas de comida prontas para serem enviadas para as Bahamas.
Em meio ao temor de que criminosos se aproveitem do caos na zona devastada, o primeiro-ministro Minnis advertiu que qualquer saqueador será castigado "com todo o peso da lei" e afirmou que foram enviados agentes extras das forças de segurança.
Em direção a Nassau
Um primeiro grupo de habitantes da ilha Ábaco, integrado por 260 pessoas, chegou a Nassau na noite desta sexta-feira, a bordo de um ferry fretado pelo governo, segundo a AFP.
Melanie Lowe, que chegou no ferry com seus quatro filhos e um cachorro, explicou que sua casa ficou parcialmente destruída:
— Estou feliz por ter uma boa noite de sono, um banho e o que comer.
Lowe encontrou um lugar para dormir em Nassau e não irá para o abrigo montado em um ginásio pelo governo local, que recebeu cerca de 200 evacuados nesta sexta.
Passagem pelos Estados Unidos
O Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês), com sede em Miami, rebaixou Dorian para a categoria 1 nesta sexta-feira, quando chegou a Outer Banks, uma cadeia de ilhas na costa da Carolina do Norte.
Milhares de residentes dos Estados Unidos, da Flórida à Virgínia, temiam o pior com a passagem de Dorian, mas a costa escapou ilesa .
Na noite desta sexta-feira, o Dorian se deslocava em direção à costa atlântica a 39 km/h, e pode atingir com fortes ventos o Canadá.
O fenômeno também castigou a costa da Carolina do Sul e inundou a histórica cidade de Charleston, mas não há informes de vítimas. Muitos moradores das zonas costeiras dos dois estados norte-americanos acataram as ordens de evacuação, enquanto outros protegeram suas casas com tábuas.
No Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que conversou com os governadores das Carolinas do Norte e do Sul, garantindo-lhes que está "pronto para ajudar".