BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Embora tenha cancelado uma série de reuniões bilaterais que faria nos EUA, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta (20) que deve participar de um jantar com Donald Trump durante a viagem a Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU.
"É motivo de honra e satisfação. Tenho conversado muito com ele sobre os mais variados assuntos", disse o líder brasileiro.
Às vésperas do embarque para os EUA, Bolsonaro afirmou que não vai "fulanizar nem apontar o dedo para nenhum chefe de estado" em seu discurso na ONU.
"A ideia é fazer um pronunciamento falando de quem nós somos, nossas potencialidades. [Sobre] o que mudou no Brasil. Não tem mais aquela questão ideológica, e estamos nos aproximando do mundo todo", disse, na chegada do Palácio da Alvorada.
O presidente, cuja chegada aos EUA está programada para segunda-feira (23), realizará no dia seguinte um discurso no encontro anual de líderes internacionais.
A fala ocorre em meio à pressão internacional que o país sofre em razão da onda de queimadas na Amazônia.
Quando a crise ambiental eclodiu, no final de agosto, Bolsonaro protagonizou embates públicos com o presidente da França, Emmanuel Macron.
Nas últimas vezes em que adiantou partes do conteúdo de seu pronunciamento, no entanto, o mandatário adotou tom mais conciliatório.
Numa live feita na quinta-feira (19), Bolsonaro disse que "não vai brigar com ninguém" na assembleia. Criticou seus antecessores e reafirmou que não pretende demarcar novas terras indígenas no Brasil, porque segundo ele isso "inviabiliza" o Brasil e o agronegócio do país.
Também afirmou que deve tratar em seu discurso na ONU sobre patriotismo e a defesa da soberania brasileira na Amazônia.
Auxiliares do presidente temem que ele seja alvo de algum tipo de protesto na reunião da ONU em razão das suas declarações polêmicas contra outros chefes de estado e ONGs estrangeiras.
Bolsonaro tem tomado algumas ações para tentar minimizar o desgaste internacional. Nesta sexta, prorrogou por mais 30 dias o decreto que permite o emprego das Forças Armadas na Amazônia para combater focos de incêndio e delitos ambientais.
O decreto original que instituiu a chamada GLO (Garantia da Lei e da Ordem) ambiental é de 23 de agosto e tinha validade de um mês. Agora a ação dos militares na Amazônia fica estendida até 24 de outubro.
Ao chegar ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro também rebateu o comunicado de um grupo de 230 fundos de investimento que exortaram o Brasil a adotar medidas eficazes para proteger a floresta amazônica.
Para o presidente, trata-se de um recado de uma "minoria xiita".