Os principais assessores de Donald Trump tentaram neste domingo (29) reverter a alegação dos democratas que pressionam por seu impeachment, insistindo que o presidente dos Estados Unidos é o verdadeiro "denunciante", ao ter pressionado a Ucrânia a investigar o filho do democrata Joe Biden por corrupção.
As discussões em torno do escândalo foram atiçadas por conta do questionamento sobre a credibilidade do denunciante, cuja identidade não foi revelada, bem como trocas de acusações de corrupção entre democratas e republicanos.
Nesse momento, houve uma reação rápida do círculo de pessoas próximas a Trump, que vive um dos momentos mais críticos de seu mandato, iniciado em 2017.
Escudo para Trump
Os primeiros a entrar na cruzada em defesa de Trump foram Stephen Miller, um dos conselheiros do governante republicano, e o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, advogado pessoal do bilionário. Ambos apontaram suas lanças contra o ex-vice-presidente Biden, pré-candidato democrata às eleições presidenciais de 2020.
— O presidente é o denunciante aqui — disse Miller neste domingo à ABC News.
— Se (o presidente) não tivesse pedido para investigar Biden, ele teria violado a Constituição — afirmou Giuliani à Fox News.
O escândalo eclodiu após um oficial de inteligência dos Estados Unidos informar aos superiores que Trump havia "pedido interferência" da Ucrânia, ao solicitar ao presidente ucraniano Volodimir Zelenski que investigasse Biden.
Movendo as peças
— Esse indivíduo (o delator) é um sabotador que tenta minar um governo eleito democraticamente — disse Miller.
Os republicanos acusam Biden de pressionar um procurador ucraniano que estava investigando seu filho Hunter, membro do conselho de administração do grupo ucraniano de gás Burisma Holdings e acusado de corrupção.
Naquela época, Joe Biden efetivamente exerceu pressão, juntamente com a União Europeia e até o FMI, para obter a renúncia do procurador-geral, acusado de fechar os olhos aos problemas de corrupção que atormentavam aquele país do Leste Europeu.
Giuliani, pessoalmente envolvido no caso pois foi quem pediu a Kiev para investigar Biden, defendeu neste domingo a credibilidade do procurador ucraniano em questão:
— Alguém demonstrou que ele era corrupto? — perguntou na entrevista à ABC News.
— Se o conhecessem, verão que ele não é muito bom em corrupção porque é muito pobre —disse o ex-prefeito de Nova York.
Giuliani garantiu que havia depoimentos que incriminariam Hunter Biden por supostas práticas de corrupção na atividade da Burisma Holdings, e é por isso que Trump teve que levar o assunto a Kiev.
— Não se trata de colocar Joe Biden em apuros, mas sim demonstrar que Donald Trump foi acusado pelos democratas — disse Giuliani, que afirmou que só testemunhará no Congresso se Trump pedir.
Por sua parte, Miller disse que "os homens de Biden ameaçaram retirar 1 bilhão de dólares em ajuda internacional se o procurador não fosse demitido".
Democratas "selvagens"
Mas essas acusações foram amplamente desacreditadas e não houve evidências de conduta ilegal ou irregularidades na Ucrânia por parte dos Biden.
A Câmara de Representantes, liderada pelos democratas, abriu nesta semana uma investigação oficial pelo impeachment de Trump, acusando-o de pressionar Zelenski "no estilo da máfia", com o objetivo de prejudicar a imagem de seu potencial rival eleitoral.
Trump insiste que não fez nada de errado e denuncia uma nova "caça às bruxas" contra ele.
Dirigindo-se a seus 65 milhões de seguidores no Twitter, Trump chamou os democratas no sábado de "selvagens" e pediu a renúncia do legislador Adam Schiff, que lidera a investigação em face de um julgamento político.
Schiff disse à NBC que estava investigando todos os aspectos do escândalo, inclusive se Trump reteve milhões de dólares em assistência para a Ucrânia.
Os democratas já pediram ao secretário de Estado Mike Pompeo que entregue documentos relacionados à Ucrânia e agende o depoimento de testemunhas.
Segundo uma pesquisa divulgada neste domingo pela CBS, 55% dos americanos (e 90% dos democratas) aprovam um julgamento do presidente.