A justiça peruana abriu nesta quarta-feira (21) um processo penal contra o ex-procurador-geral Pedro Gonzalo Chávarry, acusado de suposto delito de encobrimento no caso de corrupção envolvendo a construtora brasileira Odebrecht.
Chávarry, que ainda exerce a função de procurador no Ministério Público, será processado pela destituição do chefe da equipe especial que investigava o caso Odebrecht, Rafael Vela, e seu adjunto, José Domingo Pérez, em 31 de dezembro do ano passado, quando ainda exercia o cargo de procurador-geral.
Os protestos populares contra a remoção dos dois promotores obrigaram Chávez a recuar e mantê-los na função. A manobra revelou a intenção do então procurador-geral de impedir um acordo de cooperação judicial entre promotores do Peru e Brasil.
Sob esse acordo, já em vigor, promotores locais recebem depoimentos e provas de suborno para políticos peruanos em uma modalidade conhecida como "delação premiada". Em troca, a promotoria se recusa a acusar funcionários brasileiros da Odebrecht.
Chávarry renunciou ao cargo em janeiro, mas seguiu como procurador protegido por setores conservadores do Congresso.
Segundo a justiça peruana, a intenção de Chávez de solicitar informações sobre o processo de colaboração era acessar dados privilegiados para filtrá-los e travar as ações da equipe especial de promotores.
A equipe da Lava Jato no Peru investiga ainda o envolvimento no caso Odebrecht os ex-presidentes peruanos Alejandro Toledo (2001-2006), que fugiu para os Estados Unidos e agora enfrenta um pedido de extradição; Ollanta Humala (2011-2016); Alan García (1985-1990, 2006-2011), que cometeu suicídio em abril; e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), que renunciou ao cargo por alegações de corrupção.