SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A capitã do time de futebol feminino dos EUA, Megan Rapinoe, enviou um recado ao presidente Donald Trump dizendo que ele está excluindo grupos de americanos com seus posicionamentos e que ele precisa melhorar na recepção de todos os americanos.
"Sua mensagem está excluindo as pessoas. Você está me excluindo, excluindo pessoas que se parecem comigo, excluindo pessoas de cor, você está excluindo americanos que talvez apoiem você", disse a atleta ao jornalista Anderson Cooper, da CNN, nesta terça-feira (9).
A bicampeã mundial da Copa do Mundo acrescentou que é preciso "ter um acerto" com as implicações do slogan "Make America Great Again", usado por Trump durante o período de eleições, segundo ela porque "está voltando a uma era que não era boa para todos".
"Foi ótimo para algumas pessoas, e talvez a América seja ótima para algumas pessoas agora, mas não é boa o suficiente para todos os americanos neste mundo", disse ela, ainda direcionando sua mensagem para o presidente.
"Você tem uma responsabilidade incrível como o chefe deste país para cuidar de cada pessoa, e você precisa fazer o melhor para todos", acrescentou Rapinoe.
Abertamente gay e defensora de bandeiras de igualdade racial e de gênero, Rapinoe, artilheria e eleita melhor jogadora do torneio, travou um conflito direto com o presidente americano durante a Copa do Mundo Feminina.
Às vésperas das quartas de final contra a França, donas da casa e um dos melhores times do torneio, Rapinoe afirmou em entrevista que não iria "à porra da Casa Branca" se as americanas conquistassem o tetracampeonato.
Trump reagiu dizendo que ainda não havia convidado a jogadora ou a seleção para sua residência oficial e que Rapinoe precisava "vencer antes de falar."
Após a vitória na Copa do Mundo, Trump parabenizou o time pelo Twitter. "Parabéns à seleção feminina dos EUA por vencer a Copa do Mundo! Jogo ótimo e emocionante. A América está orgulhosa de todas vocês!", publicou o presidente na rede social cerca de duas horas após o final da partida.
Antes dos jogos com a camisa da seleção dos EUA, Rapinoe não canta o Hino Nacional e não leva a mão direita ao peito, como de hábito.
A recusa em replicar o patriotismo tão habitual nos EUA vem desde 2016, quando Rapinoe -uma atleta branca- se ajoelhou durante o hino antes de uma partida repetindo o gesto consagrado por Colin Kaepernick, ex-jogador negro da NFL (liga de futebol americano dos EUA), em protesto contra o racismo no país.