Milhões de habitantes da costa do estado de Louisiana, nos Estados Unidos, se preparavam na manhã deste sábado (13) para a chegada da tempestade tropical Barry, que ameaça se transformar em furacão e atingir a cidade de Nova Orleans com fortes chuvas e até mesmo inundações.
As autoridades de Louisiana aumentaram as evacuações de moradores. Companhias aéreas cancelaram os voos e diques foram instalados contra as inundações.
Segundo o Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês), a tormenta pode atingir o nível de furacão pouco antes de tocar em terra nesta manhã, próximo à Nova Orleans. O NHC advertiu para o risco de importantes inundações.
Para entrar na categoria 1 de furacões, os ventos têm de ser de pelo menos 119 km/h. No último boletim meteorológico, divulgado na madrugada deste sábado, a tempestade já acumulava ventos de 100 km/h.
Na sexta-feira (13), milhares de moradores foram evacuados, diante da chegada do Barry, que ameaça se transformar em furacão e provocar chuvas potencialmente devastadoras nesse estado do sul dos Estados Unidos.
Ontem à noite, a tempestade já avançava com ventos de 100 km/h pelo Golfo do México, de acordo com o NHC.
Se o prognóstico se cumprir, Barry será o primeiro furacão da temporada no Atlântico, que vai de junho a novembro. Espera-se que seja de categoria 1 na escala Saffir-Simpson (de cinco níveis), com ventos de ao menos 119 km/h.
— Esperamos que Barry toque a costa central amanhã (sábado) de manhã — disse à CNN o governador de Louisiana, John Bel Edwards, acrescentando que Nova Orleans está bem preparada para enfrentar a situação.
— Mas ninguém deve achar que isso não é serio — advertiu o governador.
Milhares de pessoas já estão isoladas na zona de Plaquemines Parish, onde as fortes chuvas bloquearam algumas estradas antes da chegada de Barry. Ontem, dezenas de pessoas se refugiaram no auditório Belle Chasse de Plaquemines, enquanto outros seguiram para casas de parentes, ou de amigos, em áreas mais elevadas.
O sistema meteorológico deve provocar de 150 a 250 milímetros de chuvas em uma faixa de 160 km de largura, com o rio Mississipi ao leste e o Texas ao oeste, enquanto se espera que as precipitações atinjam até 500 mm quando Barry passar para furacão.
Diante da ameaça de inundações, foi declarado estado de emergência nos estados de Louisiana, Mississippi, Alabama, Arkansas e Tennessee, o que permite a liberação de verbas federais.
A chuva cairá nas áreas já afetadas pela cheia desde janeiro e no momento em que o Mississippi atinge um nível histórico.
— Será a primeira vez que teremos um furacão enquanto o rio Mississippi está em cheia —disse o governador.
Até agora já caíram entre 150 e 200 mm de chuva sobre a cidade de Nova Orleans, provocando inundações.
Algumas estradas estão inundadas desde quarta-feira. Os habitantes colocaram sacos de areia nas portas de suas casas e estabelecimentos comerciais e já trabalham na limpeza e coleta de lixo, ajudados por equipes especializadas, constatou um jornalista da AFP.
Foram emitidas ordens de evacuação para a península ao sul de Nova Orleans, e "mais de 300 ônibus estão prontos para levar as pessoas a abrigos", disse Edwards.
O trauma do Katrina
Louisiana continua traumatizada pela lembrança do devastador furacão Katrina (categoria 5), que devastou a região em agosto de 2005. Os diques que protegiam Nova Orleans sucumbiram então à pressão da água, inundando 80% da cidade e deixando cerca de mil mortos, de um saldo total de mais de 1.800 durante o desastre.
Os diques na margem do rio e em Nova Orleans são capazes de aguentar, segundo o governador, enquanto 118 bombas estão instaladas na principal cidade do estado.
De acordo com meteorologistas, os diques estão preparados para suportar uma inundação de 6,10 metros e o rio deve atingir um máximo de 5,79 metros.
Para a rede GSCC, que reúne profissionais do clima do mundo todo, porém, "o risco de Barry é diferente do de Katrina: em 2005, cederam os diques da costa e, desta vez, são os diques do rio que estarão à prova".
— A temperatura na superfície da água do Golfo do México está acima da média e provê ao sistema a força para se intensificar — explicou no comunicado da GSCC Jill Trepanier, que estuda os fenômenos climáticos na Universidade de Louisiana.
Segundo a especialista, Barry mostra um novo exemplo de mudança climática:
— Uma temperatura quente do oceano e uma temperatura do ar superior à média são a receita para intensas chuvas. Todas as condições "acima da média" são um sinal de mudança climática.