SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O jornalista saudita Jamal Khashoggi foi homenageado neste sábado (1º) com o prêmio Golden Pen of Freedom, entregue postumamente em Glasgow, na Escócia, pela Associação Mundial de Jornais e Publishers de Notícias (WAN-IFRA, na sigla em inglês).
Khashoggi, que era colunista do jornal The Washington Post, foi assassinado no consulado saudita em Istambul, na Turquia, em outubro do ano passado.
No dia 2 daquele mês, ele foi até o local para buscar documentos para o casamento com sua noiva, a turca Hatice Cengiz, mas nunca saiu de lá.
Quase três semanas mais tarde, a televisão estatal turca noticiou que ele havia sido morto em uma operação comandada por um oficial saudita. No final de novembro, o procurador-geral do país confirmou que a morte do jornalista foi premeditada --ele recebeu uma injeção letal.
Segundo a CIA, agência americana de inteligência, o crime foi ordenado pelo príncipe saudita Mohammed bin Salman para calar o jornalista, crítico do regime.
"O governo saudita tinha esperança de que o assassinato de Jamal colocaria medo em todos nós [jornalistas]. Que nos silenciaria. Ao contrário, quem estava quieto começou a falar. Perceberam que suas palavras são poderosas, até mesmo ameaçadoras para este governo", disse a repórter e cineasta saudita Safa Al Ahmad, que recebeu o prêmio em nome de Khashoggi.
Nascido em 1958, Jamal Khashoggi foi criado junto à elite do país, e por isso tinha acesso privilegiado à família real. Mas a proximidade com o poder não fez com que ele perdesse o senso crítico.
No início dos anos 2000, ficou conhecido pelas palavras duras contra o governo saudita, incluindo opiniões sobre políticas religiosas do regime.
Khashoggi foi editor-chefe dos jornais sauditas Al Madina (década de 1990) e Al-Watan (início dos anos 2000). Mais tarde, colaborou com os canais de televisão BBC, Al Jazeera e Dubai TV. Ele se auto exilou nos Estados Unidos a partir de 2015.
O prêmio Golden Pen of Freedom reconhece anualmente indivíduos ou organizações que contribuíram significativamente para a defesa e a promoção da liberdade de imprensa.
Um dos objetivos da premiação é chamar a atenção para governos repressores e jornalistas que os combatem. Foi entregue pela primeira vez em 1961.