Donald Trump anunciou no domingo (5) um novo aumento tarifário sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses, correndo o risco de prejudicar as negociações comerciais com Pequim, que, no entanto, assegurou que as discussões vão continuar.
A ameaça de retomada da guerra comercial entre as duas maiores economias mundiais provocou uma queda das bolsas de valores e da moeda chinesa, que contaminava nesta segunda-feira as praças asiáticas e europeias.
Mas, contrariamente às informações veiculadas pela imprensa, Pequim anunciou que sua equipe de negociação está pronta para viajar a Washington - sem confirmar uma data específica, nem se o vice-premiê Liu He continuará a liderar a delegação chinesa.
Uma nova reunião em Washington está programada para quarta-feira, após uma décima sessão que aconteceu em Pequim na semana passada.
Desde um encontro entre o presidente dos Estados Unidos e seu colega chinês, Xi Jinping, no início de dezembro, o ambiente era tranquilo entre os dois gigantes econômicos.
Pequim sempre se recusou a discutir "com uma arma na cabeça", enquanto as novas sanções comerciais americanas devem entrar em vigor na sexta-feira.
- "Não!" -
Sinal do constrangimento de Pequim, a imprensa oficial ainda não comentou as observações feitas pelo presidente dos Estados Unidos.
Com frequência, Donald Trump ameaça adotar tarifas para forçar Pequim a aceitar suas exigências. Para aumentar a pressão, ele voltou a assegurar que está pronto para taxar todas as exportações chinesas para os Estados Unidos (US$ 539,5 bilhões em 2018) se não conseguir um acordo.
"Por 10 meses, a China pagou tarifas nos Estados Unidos de até 25% sobre 50 bilhões de dólares em (bens) tecnológicos, e 10% sobre 200 bilhões de outros bens", escreveu Trump no Twitter.
"Os 10% serão aumentados para 25% na sexta-feira", anunciou, justificando essa medida pelo fato de que as negociações não estão avançando rápido o suficiente.
O presidente republicano havia decidido no início de dezembro suspender o aumento dessas tarifas por causa da retomada das negociações comerciais, apresentadas até esta semana como "frutíferas", com grandes chances de chegar a um acordo.
"O acordo comercial com a China está avançando, mas muito lentamente, enquanto (os chineses) estão tentando renegociar. Não!", reclamou Donald Trump no Twitter.
O presidente pretende reequilibrar o comércio entre os dois países e reduzir o colossal déficit bilateral dos Estados Unidos (US$ 378,73 bilhões em 2018, incluindo o excedente de serviços).
Além de abrir ainda mais o mercado chinês aos produtos americanos, ele exige mudanças estruturais para acabar com as transferências forçadas de tecnologia americana, o roubo de propriedade intelectual e os subsídios a empresas estatais.
- Retomada da guerra comercial ? -
Se as próximas negociações em Washington acontecerem, poderiam fazer com que Trump anuncie uma cúpula com Xi Jinping para assinar um tratado comercial potencialmente histórico, ou levarem a uma retomada da guerra comercial.
Enquanto isso, os índices chineses afundavam nesta segunda-feira. A bolsa de Xangai perdia mais de 5% em seu fechamento e a de Shenzhen mais de 7%.
A moeda chinesa, o yuan, chegou a perder mais de 1% esta manhã em relação ao dólar, mas se recuperou no período da tarde para terminar em queda de apenas 0,7%.
Por enquanto, a administração Trump garante que a economia dos EUA não é afetada pelo conflito, ao contrário da economia chinesa, que registrou no ano passado seu crescimento mais fraco em quase trinta anos.
No domingo, o presidente americano mais uma vez afirmou que as tarifas pagas pela China contribuíram, "em parte, aos excelentes resultados econômicos" dos Estados Unidos, enquanto que o crescimento no primeiro trimestre subiu a 3,2%.
No entanto, muitos economistas alertam para as repercussões a longo prazo para a principal potência econômica do mundo.
Alguns fabricantes americanos, que importam produtos chineses sob tarifas, já lamentam os custos crescentes, enquanto especialistas concordam que os consumidores americanos sofrerão com o aumento dos preços dos bens de consumo.
Até agora, Pequim prometeu comprar mais produtos americano, principalmente dos setores agrícola e de energia.
Mas um dos principais obstáculos à assinatura de um compromisso continua sendo o mecanismo para implementar um possível acordo.
Desconfiada pelas promessas quebradas no passado, a administração Trump disse que só assinará um texto se incluir medidas que permitam verificar se o governo chinês está cumprindo seus compromissos.
De sua parte, Pequim exige o levantamento das taxas alfandegárias sobre os produtos chineses, o que Washington obviamente não está disposto a fazer.
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* AFP