A tensão aumenta, nesta quarta-feira (1º), em Paris, após os primeiros confrontos registrados entre militantes radicais e a polícia. Pouco depois do início da tradicional passeata do Dia Internacional do Trabalho, sob forte esquema de segurança, o clima esquentou.
A polícia recorreu ao gás lacrimogêneo para dispersar centenas de black blocs — militantes anticapitalistas e antifascistas vestidos de preto e com o rosto coberto. Pelo menos um manifestante foi ferido na cabeça, segundo jornalista da AFP.
Os enfrentamentos começaram às 11h GMT (8h de Brasília), perto do restaurante La Rotonde, que foi protegido com tapumes.
Mais de 7,4 mil policiais foram mobilizados na capital da França para as manifestações, onde acredita-se que haverá entre "1 mil e 2 mil militantes radicais", segundo o ministro do Interior, Christophe Castaner.
Desde a madrugada, vários policiais começaram a revistar pessoas aleatoriamente nas proximidades da estação de Saint-Lazare, no centro de Paris.
O presidente Emmanuel Macron exigiu na terça-feira (30) que a resposta aos black blocs seja "extremamente firme" em caso de violência, após as chamadas nas redes sociais para transformar Paris na "capital dos distúrbios".
No ano passado, 1,2 mil militantes radicais mancharam a manifestação em Paris com atos violentos, como lojas vandalizadas ou incendias e veículos queimados.
A polícia já realizou 88 detenções em Paris e efetuou "3,7 mil controles preventivos".
Embora estejam previstas manifestações em toda a França, a atenção está voltada para a capital, muitas vezes palco de incidentes desde o início dos protestos dos coletes amarelos.
Esse movimento, que desde meados de novembro tem saído às ruas todos os sábados para protestar contra a política fiscal e social do governo, também estará presente nesta quarta-feira.
Ao longo dos meses, o movimento perdeu força à medida que se radicalizou, com violentos distúrbios à margem das manifestações.
Sindicatos em busca de visibilidade
Entre os black blocs e os coletes amarelos, os sindicatos esperam recuperar a visibilidade por meio de vários comícios e uma grande manifestação iniciada às 12h30min (9h30min de Brasília), saindo de Montparnasse até a Place d'Italie, no sul da capital.
— O 1º de maio tem que agrupar todos aqueles que vêm se manifestando há meses e meses (...) para dizer que a política social tem que ser mudada —disse Philippe Martinez, secretário-geral da CGT, um dos principais sindicatos franceses.
O cortejo passaria em frente ao famoso restaurante de la Rotonde, um "símbolo" do poder desde que Emmanuel Macron comemorou ali sua ida ao segundo turno das eleições presidenciais de 2017.
Os proprietários do restaurante admitiram na terça-feira estarem um pouco nervosos, considerando como terminou o famoso Fouquet's da avenida Champs-Élysées, saqueado e queimado, em 16 de março durante uma manifestação dos "coletes amarelos".
— Não temos medo das passeatas sindicais, mas dos coletes amarelos e dos black blocs — disse Serge Tafanel, cujo restaurante permanecerá fechado a pedido da polícia, assim como todas as lojas localizadas na rota da marcha.
No total, 190 motocicletas circularão perto das manifestações para permitir que as forças de segurança se movam rapidamente. Drones também serão usados para monitorar a situação, segundo o ministro do Interior.