Após apelações dramáticas e testemunhos no Congresso, Michael Cohen, ex-advogado de Donald Trump, deve ir para a cadeia nesta segunda-feira (6). Ele foi condenado a três anos de prisão em dezembro depois de admitir que tinha pago dinheiro em segredo, durante as eleições de 2016, para silenciar duas mulheres que diziam ter mantido relações sexuais com Trump, bem como por cometer fraude fiscal e por ter mentido ao Congresso.
Admirador do presidente por muito tempo, chegando a dizer certa vez que estava disposto a "tomar um tiro" no lugar de Trump, Cohen deve se apresentar na prisão federal de Otisville, Nova York, por volta das 14h (15h de Brasília).
Para tentar reduzir sua sentença, o ex-advogado do presidente americano ofereceu informações aos investigadores que pudessem comprometer Trump e sua família, inclusive sobre a alegada interferência russa nas eleições de 2016. Mas, mesmo que o procurador especial Robert Mueller tenha feito referência a Cohen mais de cem vezes em seu relatório sobre o "caso russo", os procuradores não mudaram a decisão.
Filho de um sobrevivente do Holocausto e de uma enfermeira, Michael Cohen será um dos assessores mais próximos do presidente a ser preso por um período considerável depois que Paul Manafort, ex-diretor da campanha Trump, foi condenado a mais de sete anos de prisão.
Cohen trabalhou para a Organização Trump por uma década e insiste que todos os atos pelos quais foi condenado ocorreu a mando do presidente.
— Não trabalhei para a campanha. Trabalhava para ele. Por que eu sou o único que vai para a cadeia? Não fui eu quem dormiu com a estrela pornô — disse Cohen ao The New Yorker, referindo-se a Stormy Daniels, uma das mulheres que recebeu dinheiro em segredo e em violação das leis eleitorais.
O advogado de Cohen, Lanny Davis, disse na sexta-feira (3) que o filho mais velho do presidente, Donald Trump Jr., deveria ter sido preso porque foi ele quem "assinou os cheques".
Para o presidente americano e seus aliados, a sentença contra Cohen tem sabor de vingança, depois que o advogado se virou e atacou seu chefe. Trump o chamou de "fraco" e de "rato", disposto a inventar as mentiras necessárias para evitar a prisão.
Neste fim de semana, Cohen afirmou a repórteres que foi seguido em Manhattan, enquanto passava seus últimos momentos de liberdade com seu filho Jake. Também garantiu que fará novas declarações nesta segunda-feira antes de ir para a cadeia.
O ex-advogado deverá ser mantido na ala de baixa segurança do centro penitenciário, que abriga prisioneiros que não são considerados perigosos, incluindo muitos outros criminosos de colarinho branco.