O ciclone Kenneth atingiu a região norte de Moçambique na quinta-feira (25) à noite e deixou um morto, além de ter provocado vários danos materiais, um mês e meio após a passagem de outro ciclone, o Idai, que matou centenas de pessoas no país.
A violência do ciclone foi superior à do Idai no último 14 de março, segundo o serviço de meteorologia da França, com rajadas de vento de 280 km/h e entre 100 e 150 mm de chuva em 24 horas.
Menos de seis semanas depois do ciclone Idai que devastou o centro do país, Kenneth inundou na quinta-feira a província de Cabo Delgado, na fronteira com a Tanzânia, onde foram registrados fortes chuvas e ventos.
A interrupção das comunicações entre a zona afetada e o resto do país dificultavam o trabalho do governo e também o levantamento sobre vítimas e danos materiais. Segundo o Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGC), ao menos uma pessoa morreu após ser atingida por um coqueiro em Pemba, principal cidade da região norte e capital da província de Cabo Delgado.
Os primeiros testemunhos obtidos pela AFP indicaram que houve danos materiais significativos, especialmente na ilha turística de Ibo, onde vivem 6 mil pessoas, 90% das casas teriam sido destruídas.
— É como se a ilha tivesse sido bombardeada — disse um operador turístico sul-africano, Kevin Record, que entrou em contato com sua equipe no local.
— É apocalíptico, 90% da população está sem refúgio. Não há comunicação nem eletricidade — acrescentou.
Antes da chegada do ciclone, os moradores da ilha buscaram refúgio na fortaleza da localidade com mantimentos, de acordo com a proprietária de um hotel na região, a suíça Lucie Amr.
— Não espero encontrar meu hotel inteiro — lamentou.
Na cidade de Pemba, os ventos derrubaram vários coqueiros e empurraram os barcos até a praia de Wimbi.
Nesta sexta-feira, o Kenneth provocava ventos de 70 km/h no máximo, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, que rebaixou o fenômeno para tempestade tropical.
A previsão do tempo indica fortes chuvas para as próximas 24 horas, o que provoca o temor de inundações e deslizamentos de terra em Cabo Delgado, palco desde 2017 de uma insurreição islamita.
A passagem do Idai pelo centro de Moçambique em março provocou mais de 600 mortes no país e quase mil vítimas fatais nesta região da África. Milhares de pessoas ficaram desabrigadas.