O Malawi vai lançar nesta terça-feira (23) o primeiro teste em grande escala da vacina experimental mais avançada até hoje contra a malária, uma doença que causa centenas de milhares de mortes por ano na África.
Com o resultado de mais de 30 anos de trabalho e um investimento de um bilhão de dólares, esta campanha tem como objetivo confirmar a eficácia da vacina em crianças menores de dois anos, os mais vulneráveis à malária.
Esta campanha começará em um centro de saúde na capital do Malawi, Lilongwe, e continuará na semana que vem em Gana e Quênia, os outros dois países piloto do programa.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) espera vacinar 120.000 crianças em cada um destes três países até o ano 2020.
Batizada "Mosquirix" ou RTS,S, esta vacina foi desenvolvida pelo gigante farmacêutico GlaxoSmithKline e pela ONG Path, e financiada pela Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi), o Fundo Global de Luta contra a Aids, a Tuberculose e a Malária e a Unicef.
Nos ensaios preliminares realizados entre 2009 e 2015, a vacina permitiu reduzir 39% o número de episódios de malária nas crianças de 17 meses a cinco anos.
Sua eficácia é relativa mas os pesquisadores e as autoridades de saúde esperam que, associada aos meios de prevenção como os mosquiteiros impregnados de repelente, permitirá reduzir significativamente o número de vítimas.
Segundo as estatísticas da OMS, a África é de longe o continente mais afetado pela malária, com 90% das 435.000 pessoas mortas no mundo em 2017 por esta doença transmitida por mosquitos.
As crianças menores de cinco anos representam mais de dois terços destas mortes.
"A malária pode matar uma criança em menos de 24 horas", lembrou o médico Tisungane Mvalo, um pediatra de Lilongwe, membro da equipe científica dirigida pela Universidade da Carolina do Norte (UNC) em Chapel Hill, Estados Unidos.
Existem outras vacinas experimentais contra a malária no mundo que estão sendo avaliadas.
Em 2015, 114 milhões de pessoas foram infectadas pelo parasita da malária na África subsaariana. O objetivo da OMS é reduzir o número de mortes em 90% em 2030 em relação às 429.000 registradas em 2015.
* AFP