O governo da Venezuela anunciou o fechamento de escolas e a suspensão do dia de trabalho nesta sexta-feira (8), devido à falta de energia em Caracas e em outras grandes cidades do país. O apagão começou às 16h50min (17h50 em Brasília) de quinta (7) e já dura mais de 17 horas. O problema foi causado por falhas na principal hidrelétrica venezuelana.
O presidente Nicolás Maduro "suspendeu as aulas e o dia de trabalho hoje (sexta-feira) para facilitar os esforços de recuperar o fornecimento de energia elétrica no país", avisou a vice-presidente, Delcy Rodriguez, em sua conta no Twitter.
De acordo com a imprensa local, o apagão afetou praticamente toda a Venezuela, com cortes em 23 dos 24 Estados, incluindo Zulia, Táchira, Mérida e Lara (oeste), Miranda, Vargas, Aragua e Carabobo (centro-norte), Cojedes (centro), Monagas e Anzoátegui (leste) e Bolívar (sul).
No Twitter, Maduro acusou os Estados Unidos pelo apagão: "A guerra elétrica anunciada e dirigida pelo imperialismo americano contra nosso povo será derrotada. Nada nem ninguém poderá vencer o povo de Bolívar e Chávez. Máxima união dos patriotas".
A estatal elétrica Corpoelec também acusou uma ação intencional. "Sabotaram a geração na (central hidrelétrica de) Guri... Isso faz parte da guerra elétrica contra o Estado. Não permitiremos", publicou a empresa no Twitter.
Guri, em Bolívar, é uma das maiores represas geradoras de energia da América Latina, atrás apenas da de Itaipu, entre Brasil e Paraguai.
A luz foi cortada em Caracas no fim da tarde de quinta-feira (7), afetando serviços como o metrô. Na capital, com altos índices de criminalidade, a população voltou para casa na luz do dia. Houve panelaços em protesto pela situação.
— Já estamos cansados, esgotados — declarou Estefanía Pacheco, mãe de duas crianças, obrigada a andar 12 quilômetros entre seu trabalho como executiva de vendas, no oeste da capital, até sua casa, no leste.
A partida entre Deportivo Lara e Emelec do Equador pelo Grupo B da Copa Libertadores —prevista para quinta-feira em Barquisimeto, no oeste do país — foi adiada para a tarde desta sexta. Linhas telefônicas e internet têm serviços intermitentes.
Os apagões são comuns na Venezuela, onde a economia está em colapso, com falta de alimentos e remédios, além de grande êxodo de venezuelanos. Mais de 3 milhões de cidadãos já deixaram o país desde o início da crise.
Em um país onde a inflação deve atingir os 10.000.000% em 2019, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a falta de energia também paralisa o comércio, impedindo as transações eletrônicas, hoje utilizadas até para as compras de valor ínfimo.