Reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, Juan Guaidó retorna à Venezuela nesta segunda-feira (4) após ter desobedecido uma ordem judicial que o proibia de deixar o território nacional e visitar vários países latino-americanos. No domingo (3), ao anunciar seu retorno, o líder opositor convocou manifestações em todo o país.
"Anuncio o meu retorno ao país. Convoco o povo venezuelano a se concentrar, em todo o país, amanhã (nesta segunda-feira) às 11h (12h de Brasília)", escreveu Guaidó no Twitter.
O opositor não informou detalhes sobre como pretende retornar à Venezuela nem o momento exato de sua chegada. Guaidó pediu aos seus seguidores para estarem "atentos às redes oficiais", onde ele irá informar sobre os pontos de concentração. "#VamosBien porque vamos todos. Vamos Venezuela!", ressaltou.
Por volta do meio-dia do domingo, Guaidó ainda estava no Equador, apesar de sua agenda prever sua partida do país por volta das 14h30min GMT (11h30min de Brasília). O retorno do Guaidó, que visitou a Colômbia, Brasil, Paraguai, Argentina e Equador, representa um verdadeiro desafio para o presidente Nicolás Maduro, que deve decidir se vai prendê-lo e provocar uma forte reação internacional ou deixá-lo entrar no país com tranquilidade, minando sua autoridade.
Guaidó deixou a Venezuela inesperadamente há 10 dias para assistir a um concerto na cidade fronteiriça colombiana de Cúcuta e apoiar a entrada de ajuda humanitária. Depois, aproveitou a oportunidade para visitar os países latino-americanos e reforçar seu apoio.
Maduro disse, há poucos dias, que Guaidó, chefe do parlamento de maioria opositora, deveria "respeitar a lei" e que, se voltar ao país, "terá que ver a face da justiça". A Suprema Corte de Justiça (TSJ) e a Procuradoria-Geral, aliadas do governo, abriram investigações contra Guaidó, acusando-o de "usurpação" de funções e determinaram, além do impedimento de saída, o congelamento de seus bens. No entanto, até agora ele não foi formalmente acusado.
Guaidó prometeu retornar à Venezuela, "apesar das ameaças", para continuar com sua estratégia de conseguir um governo de transição e eleições "livres". Os Estados Unidos e os países do Grupo de Lima (Canadá e 13 países da América Latina) expressaram sua preocupação pela segurança de Guaidó ao retornar ao país.
Guaidó, 35 anos, se autoproclamou presidente em 23 de janeiro após o Congresso ter declarado Maduro "usurpador" por ter assumido em 10 de janeiro um segundo mandato que, como grande parte da comunidade internacional, considera ilegítimo e resultado de uma reeleição "fraudulenta".