A Nigéria, maior produtor de petróleo da África e país com a maior população do continente, comparece às urnas neste sábado para eleições presidenciais e legislativas, após um adiamento de uma semana, com uma disputa acirrada entre o presidente Muhammadu Buhari e seu principal opositor, Atiku Abubakar.
Ao menos 16 pessoas morreram em incidentes em vários pontos do país. As autoridades também citaram locais de votação saqueados.
No estado de Rivers (sudeste) homens armados mataram um político, integrante do governista Congresso dos Progressistas (APC), e seu irmão.
Mais de 72 milhões de nigerianos estão registrados para votar entre 73 candidatos a governar o país, a maior economia da África e que tem 190 milhões de habitantes.
Os eleitores nigerianos também renovarão as 360 cadeiras da Câmara dos Deputados e as 109 do Senado.
O presidente Buhari, 76 anos, foi um dos primeiros a votar em Daura, sua cidade natal.
"Até aqui tudo bem. Em breve vou comemorar a vitória. Sereu o vencedor", declarou.
Seu principal rival, Abubakar, 72 anos, votou em Yola, em seu estado natal de Adamawa (nordeste).
O ex-general Buhari, do Congresso dos Progressistas (APC), que já havia governado o país em 1983, durante o período da ditadura militar, conserva um grande apoio na região norte do país, apesar do polêmico balanço econômico de sua gestão.
Atiku Abubakar, do Partido Popular Democrático (PDP), principal movimento de oposição, também nasceu na região norte do país e é muçulmano como o atual presidente.
O empresário milionário - alvo de suspeitas sobre a origem de sua fortuna - é o candidato das classes média e alta, mas estas tradicionalmente comparecem em pequeno número às urnas.
- Atrasos -
As eleições deveriam ter acontecido no dia 16 de fevereiro, mas a Comissão anunciou o adiamento poucas horas antes do início da votação por motivos logísticos.
Neste sábado, um pouco antes da abertura das zonas eleitorais vários foguetes foram lançados contra a cidade de Maiduguri, nordeste do país, um ataque que deixou um morto e 20 feridos.
Maiduguri é cenário frequente de ataques do movimento islamita Boko Haram, que anunciou o objetivo de perturbar a votação.
Mais de 500 soldados do Chade entraram na sexta-feira na Nigéria para auxiliar as Forças Armadas do país a combater o Boko Haram.
Desde o início da rebelião do Boko Haram no nordeste da Nigéria em 2009, mais de 27.000 pessoas morreram e quase 1,8 milhão não podem retornar para suas casas.
- Segundo turno? -
Em um contexto de conflito, 87 milhões de nigerianos vivem na pobreza extrema e os números não param de aumentar, o que permite prever, segundo analistas, "uma implosão socioeconômica" no país africano, que deve se tornar o terceiro país de maior população do mundo em 2050.
Para vencer a eleição, um candidato precisa, além da maioria dos votos, de pelo menos 25% dos dois terços dos 36 estados da federação e da capital federal, Abuja. Se isto não acontecer, um segundo turno será organizado. Mas até o momento não foi anunciada uma data para a divulgação dos resultados.
* AFP