O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, informou neste domingo (13) que um avião do governo italiano está a caminho da Bolívia para buscar Cesare Battisti, preso na tarde de sábado (12). Segundo o premiê, o avião pousará por volta das 14h, no horário de Brasília.
"Um de nossos aviões está viajando para a Bolívia, onde pousará por volta das 17h (horário da Itália), com o objetivo de tomar Battisti e trazê-lo de volta para a Itália. Esperando por ele aqui teremos nossas cadeias para expiar as sentenças de prisão perpétua que os tribunais italianos infligiram na época com sentenças proferidas em julgamento, certamente não por causa de suas ideias políticas, mas pelos quatro crimes cometidos e pelos vários crimes relacionados à luta armada e ao terrorismo", disse no Facebook.
O primeiro-ministro elogiou o esforço dos serviços de inteligência e as forças policiais italianas e a colaboração das autoridades brasileiras e bolivianas.
Nota
Em nota conjunta, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Ministério das Relações Exteriores disseram que estão tomando todas as providências necessárias, em cooperação com o Governo da Bolívia e com o Governo da Itália, para cumprir a extradição de Battisti e entregá-lo às autoridades italianas.
Foragido
Foragido desde dezembro, Battisti foi capturado em Santa Cruz de La Sierra por volta das 17h de sábado (12). Segundo relatos, ele não tentou escapar. Questionado pelos policiais, respondeu em português. O italiano usava calça azul e camiseta, óculos escuros e barba falsa.
A extradição do italiano foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 13 de dezembro do ano passado. As autoridades avaliam se a extradição para a Itália será feita diretamente da Bolívia ou se Battisti será enviado para o Brasil e, assim ser encaminhado para a Europa.
Condenação
Condenado à prisão perpétua na Itália, Battisti foi sentenciado pelo assassinato de quatro pessoas, na década de 1970, quando integrava o grupo Proletários Armados pelo Comunismo, um braço das Brigadas Vermelhas. Ele se diz inocente. Para as autoridades brasileiras, ele é considerado terrorista.
No Brasil desde 2004, o italiano foi preso três anos depois. O governo da Itália pediu sua extradição, aceita pelo STF. Contudo, no último dia de seu mandato, em dezembro de 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que Battisti deveria ficar no Brasil, e o ato foi confirmado pela Suprema Corte.
Nos últimos dias do governo Michel Temer, no entanto, o STF decidiu pela extradição. A medida já era defendida, ainda em campanha pelo atual presidente Jair Bolsonaro.