Um juiz canadense concedeu nesta terça-feira (11) liberdade sob fiança à diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, após ter sido presa no país a pedido dos Estados Unidos, em um caso que provocou tensão entre os aliados norte-americanos e a China.
— O risco de que não se apresente perante o tribunal (para uma audiência de extradição) pode ser reduzido a um nível aceitável, impondo as condições de fiança propostas por seu assessor — disse o juiz, aplaudido na sala do tribunal pelos partidários da empresa chinesa.
Mais cedo, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, havia confirmado a prisão de um ex-diplomata de seu país na China em meio a um clima de tensão entre os dois países, provocado pela detenção da executiva chinesa em 1º de dezembro no Canadá.
— Sabemos que um canadense foi detido na China, estamos em contato direto com os chineses — afirmou Trudeau, quando questionado pela imprensa sobre informações de uma ONG sobre a prisão de Michael Kovrig, especialista canadense no nordeste asiático que já foi diplomata em Pequim, Hong Kong e nas Nações Unidas.
— Estamos comprometidos com este caso, que levamos muito a sério e, evidentemente, estamos proporcionando assistência consular à família — declarou Trudeau.
A ONG onde Kovrig trabalhou, o International Crisis Group (ICG), confirmou estar ciente das informações sobre sua prisão.
— Faremos o possível para obter informações sobre o destino de Michael e conseguir sua libertação rápida e em toda segurança — declarou a organização de prevenção de conflitos.
Já o ministro da Segurança, Ralph Goodale, declarou estar "muito preocupado" pela prisão.
Diretora financeira da gigante chinesa de telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou enfrenta acusações de fraude relacionadas a supostas violações das sanções americanas ao Irã.
Os Estados Unidos expressaram nesta terça sua "preocupação" com a prisão de Kovrig e pediram a Pequim que "detenha todas as formas de prisão arbitrárias".
O porta-voz do departamento americano de Estado, Robert Palladino, exigiu "respeito às garantias e à liberdade de todos os indivíduos, de acordo com os compromissos internacionais da China em matéria consular e de direitos humanos".
Wanzhou foi presa em Vancouver enquanto trocava de avião durante uma viagem de Hong Kong ao México. A Justiça americana exigiu sua extradição por "conspiração para defraudar várias instituições financeiras".
A China "não vai ficar de braços cruzados" se seus cidadãos forem "maltratados" no exterior, alertou o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, mais cedo nesta terça-feira.
* AFP