O primeiro grupo de migrantes da América Central chegou à fronteira do México com os Estados Unidos na terça-feira (13). Esse primeiro contingente, mais reduzido, se separou e se adiantou da caravana principal, que em sua passagem pelo México chegou a somar 7 mil integrantes, segundo as Nações Unidas, mas muitos desistiram pelo caminho.
No total, 6.011 migrantes (902 menores de idade) conseguiram chegar a Guadalajara – segundo números das autoridades locais. Atrás dessa grande caravana, há outras duas, com cerca de 2 mil pessoas cada que rumam em direção aos EUA.
A maioria dos migrantes são hondurenhos, saídos de San Pedro Sula, no dia 13 de novembro. Neste mês de peregrinação por mais de 2,5 mil quilômetros rumo ao sonho americano, enfrentaram um caminho tortuoso e minado de ameaças da parte do presidente Donald Trump e de narcotraficantes que atuam na costa noroeste do México.
Em seu trajeto pelo país, o grupo recebeu apoio de organizações não governamentais e de autoridades locais. Veículos providenciados por padres chegaram a transportar centenas de migrantes até Sonora, o último estado antes da cidade de Tijuana, próximo à fronteira com os EUA. Tudo acompanhado por dezenas de policiais mexicanos.
– Não suporto mais, mas é preciso continuar – suspirou Jayson Gutiérrez, enquanto subia em um caminhão que normalmente transporta material de construção.
Diante da iminente chegada das caravanas, os Estados Unidos fecharam parcialmente com barricadas e arames farpados os postos na fronteira de San Ysidro e Otay Mesa, que levam à Califórnia. O secretário de Defesa americano, Jim Mattis, anunciou que visitará a fronteira nesta quarta-feira (14).
Em 9 de novembro, Trump decretou o fim dos pedidos de asilo para quem entrar ilegalmente nos Estados Unidos, uma medida que busca dissuadir os migrantes centro-americanos que tentam escapar da pobreza e da violência em seus países.
Com essa medida, Trump busca fazer o governo mexicano a assumir os migrantes, estipulando que o decreto perderá sua vigência caso se chegue a um acordo que "permita aos Estados Unidos expulsarem estrangeiros para o México".
Segundo o governo americano, as patrulhas fronteiriças registraram mais de 400 mil entradas ilegais em 2018. Nos últimos cinco anos, o número de solicitantes de asilo aumentou 2.000%, transbordando o sistema, que tem mais de 700 mil casos acumulados para processar. Trump acusa os migrantes de protagonizarem uma "invasão" e, para contê-los, determinou o envio de até 9 mil soldados para a fronteira sul do país