Os corpos carbonizados de 26 pessoas abraçadas e carbonizadas mostram a violência dos incêndios que atingiram a Grécia nas últimas horas. Nesta terça-feira (24), a Cruz Vermelha encontrou as vítimas que, aparentemente, não conseguiram chegar ao mar para se protegerem das chamas. O levantamento mais recente dos bombeiros indica que 74 pessoas já morreram pelos incêndios.
Este balanço não é definitivo. Mais de cem bombeiros trabalham nas buscas por possíveis vítimas na região turística à margem do Atlântico.
Na periferia de Atenas, boa parte das vítimas foi registrada em Mati, um balneário situado a cerca de 40 quilômetros ao leste da capital. A maioria das vítimas "morreu nas casas, ou nos automóveis", declarou o porta-voz do governo grego, Dimitris Tzanakopoulos. De acordo com dados ainda provisórios, os incêndios também deixaram 172 feridos, entre eles 11 em estado grave.
Segundo o jornal grego Kathimerini, há um número indeterminado de desaparecidos. As autoridades já declararam estado de emergência e pediram ajuda a outros países europeus. A região atingida sofre com fortes ventos, com rajadas de mais de 100km/h, que complexificam ainda mais os trabalhos para controlaram as chamas. Além disso, as temperaturas nos locais atingidos tem oscilado entre 26 e 30 graus.
Causas
Durante o verão, os incêndios são um problema comum na região de Ática, a mais atingida na Grécia. No entanto, segundo autoridades locais ouvidos pela AFP, criminosos interessados em roubar casas abandonadas também podem ter contribuído.
— Quinze incêndios começaram simultaneamente em três lugares diferentes em Atenas — contou Tzanakopoulos.
De acordo com o ministro da Defesa Civil Nikos Toskas, os "incêndios não foram tão inocentes".
Europa sofre com incêndios e seca
Vários países do norte da Europa têm sofrido com incêndios e forte seca neste verão. A Grécia é o país mais afetado, com os incêndios mais mortíferos em mais de uma década. Na Suécia, o número de incêndios parecia se estabilizar em torno de 20, que já queimaram 25 mil hectares de floresta, mas as autoridades alertaram para o risco extremo de novos focos no sul do país nos próximos dias, com o anúncio de temperaturas escaldantes.
Enquanto isso, dois aviões enviados pela França lançam água sobre um dos principais incêndios em Kårböle, uma pequena cidade localizada entre Estocolmo e Lapônia. Na Finlândia, é a Lapônia que tem sido afetada com incêndios devastando florestas e prados perto da fronteira com a Rússia.
A Alemanha está em alerta para o pico de calor em todo o país, com temperaturas diurnas entre 30 e 35 graus Celsius. As autoridades alertaram para o risco significativo de incêndios em campos e florestas no norte e leste do país devido à seca desde a primavera. O calor também causou escassez de garrafas e caixas de cerveja, cujas vendas cresceram tanto que as empresas de reciclagem não conseguem acompanhar o ritmo.
Na Holanda, 12 pontes tiveram que ser fechadas em Amsterdã, porque o calor extremo poderia torcer o metal, e a água dos canais é usada para resfriar as pontes. Na França, a região de Paris está passando por uma onda de calor que deve durar até sexta-feira (27), resultando em pico de poluição do ozônio. As autoridades anunciaram restrições de tráfego, incluindo redução de velocidade, e ordena que veículos com mais de 3,5 toneladas contornem a aglomeração de Paris.
Incêndios da Grécia estão entre os mais violentos do século XXI
Até agora 74 pessoas já morreram na Grécia em decorrência dos incêndios que atingiram o país na tarde de segunda-feira. Três a menos do que em 2007, quando 77 perderam a vida em incêndios que queimaram 250 mil hectares de florestas.
Em 2012, cinco pessoas acusadas de terem responsabilidade nesses incêndios foram condenadas a dez anos de prisão: um subchefe de polícia, um ex-prefeito, o chefe dos bombeiros locais, um bombeiro e uma mulher acusada de provocar o incêndio quando cozinhava.
No ano passado, um gigantesco incêndio florestal deixou 64 mortos e mais de 250 feridos. A maioria das vítimas morreu em seus carros, presos pelas chamas. Em cinco dias, o fogo consumiu 46 mil hectares de bosque e mato.