O presidente paraguaio, Horacio Cartes, apresentou nesta segunda-feira (28) sua renúncia, para ser senador e abriu o caminho para que a vice-presidente Alicia Pucheta assuma temporariamente até 15 de agosto, o que a torna a primeira mulher a presidir o país. O pedido de renúncia precisará ser aceito pelo Senado do país.
— Me dirijo a Vossa Honorabilidade para apresentar minha renúncia ao cargo de presidente (...). Adotei essa determinação para dar cumprimento à decisão democrática do povo expressa nas urnas, que me elegeu para o cargo de senador— escreveu Cartes, em uma carta ao presidente do Senado, o ex-presidente do país Fernando Lugo.
Pucheta, uma juíza de 68 anos, será presidente durante menos de três meses, até que Mario Abdo Benítez, eleito em 22 de abril, assuma em 15 de agosto para um mandato de cinco anos.
Pucheta chegou este ano à vice-presidência depois da renúncia do titular, Juan Afara, que deixou o cargo para fazer campanha eleitoral como senador. Partidários de Cartes no Senado solicitaram uma sessão plenária extraordinária das duas câmaras do Congresso na quarta-feira para discutir a renúncia.
Cartes precisa de uma maioria simples (23 votos do total de 45 senadores, e 41, do total de 80 deputados) para que o Parlamento aceite sua demissão. A votação está prevista para quarta-feira. A Constituição paraguaia estabelece que o presidente em final de mandato "será senador vitalício", com voz, mas sem voto.
Cartes obteve, porém, uma polêmica sentença da Corte que o habilita a assumir sua vaga como senador ativo. A oposição rejeita a presença de Cartes e Afara como membros ativos do Senado, eleitos em 22 de abril na lista do Partido Colorado.
Efrain Alegre, presidente do Partido Liberal, segundo partido com mais cadeiras no Congresso, anunciou uma mobilização popular em uma coletiva de imprensa para impedir Cartes de se tornar um senador ativo. O juramento dos senadores eleitos está marcado para 30 de junho.
— Estamos diante de uma situação que põe em perigo a democracia no Paraguai. Pedimos ao público que expresse indignação e repúdio a esse ultraje às instituições. Nós nos opomos resolutamente a esse comportamento desdenhoso do Sr. Cartes — alertou Alegre, que foi derrotado por Mario Benítez nas eleições presidenciais de abril e pediu que o Congresso rejeite a renúncia de Cartes.
A senadora do Partido Colorado, Lilian Samaniego comemorou que o fato histórico de que Alicia Pucheta possa ser a primeira presidente mulher do país.
— Ela foi a primeira mulher a ocupar o cargo de ministra do Supremo Tribunal de Justiça em 2004. O Paraguai tem um longo caminho a percorrer em termos de igualdade de oportunidades — afirmou a senadora.
No poder desde 2013, Horacio Cartes deixa como grande conquista de sua administração uma economia em plena expansão, embora seu balanço nas áreas social e política seja alvo de críticas.