Javier Solomon Aceves Gastelum, de 25 anos, Jesus Daniel Diaz, 20 anos, e Marco Francisco Garcia Avalos, 20 anos, três estudantes de cinema, desapareceram no dia 19 de março em Tonalá, no Estado de Jalisco, no oeste do México.
A última coisa que se sabia sobre eles é que tinham ido gravar um curta-metragem em uma casa da cidade para um trabalho de faculdade.
No caminho de volta para suas casas, o carro em que viajavam quebrou. Eles pararam para averiguar o problema, quando duas vans se aproximaram. Dentro delas, homens carregando fuzis, que se identificaram como agentes do Ministério Público e os levaram embora, segundo relatou à imprensa local uma jovem que estava com os estudantes.
Na segunda-feira, dia 23 de abril, o procurador-geral de Jalisco, Raúl Sánchez Jiménez, revelou o que aconteceu com os três estudantes.
Segundo o procurador, os alunos da Universidade de Guadalajara foram sequestrados por membros do cartel Jalisco Nova Geração (CJNG, em espanhol), que os assassinaram e dissolveram seus corpos em ácido, informou a agência.
O motivo do crime foi que o local onde os jovens gravaram era um esconderijo usado por um grupo antagônico do CJNG, o cartel Nueva Plaza.
Os membros da CJNG, que confundiram os alunos com membros de uma gangue rival, os levaram para outra casa e lá eles foram interrogados, torturados e assassinados.
— Mais tarde, eles os levaram para outra casa, onde dissolveram seus corpos em ácido sulfúrico, para que não houvesse restos — disse o Ministério Público de Jalisco.
No local foram encontrados vestígios biológicos dos jovens, 46 tambores de 56 litros de ácido sulfúrico e três tanques com restos do composto químico.
Jiménez, procurador-geral do Estado, disse que duas pessoas foram presas por terem participado do crime.
Ele afirmou que ambos são supostamente membros do CJNG e que, no total, oito pessoas teriam cometido o triplo assassinato: quatro deles têm ordens de prisão e os outros dois ainda não foram localizados.
Nenhuma ligação com o tráfico de drogas
O Ministério Público confirmou que os jovens não tinham relação com os narcotraficantes da região e que o único "erro" deles foi fazer uma gravação em uma propriedade que era usada pelo grupo criminoso rival.
Segundo a investigação da polícia, a tia de uma das alunas seria a dona da casa e a teria emprestado para as gravações.
Segundo o Ministério Público, enquanto os estudantes estavam gravando o curta, os membros do CJNG ficaram de olho neles sem que percebessem.
O procurador-geral disse que as investigações ainda não foram concluídas e que se espera "que todas as verdades sobre esses fatos lamentáveis sejam reveladas".
Aumento da violência
O sequestro dos três estudantes provocou indignação em Jalisco e expôs a onda de violência que assola o Estado.
Segundo dados da Secretaria Executiva do Sistema Nacional de Segurança Pública (SESNSP), no primeiro trimestre de 2018 ocorreram 353 homicídios no Estado — foi o início de ano mais violento dos últimos 20 anos.
Em 2017, o número de homicídios dolosos foi recorde, com 1.369 assassinatos. Segundo especialistas, o quadro se deve aos confrontos entre os cartéis de drogas.
A violência no Estado já havia ganhado as manchetes dentro e fora do país em 31 de janeiro, quando três italianos desapareceram no município de Tecalitlán.
Em fevereiro, a Procuradoria do Estado informou que havia prendido quatro policiais ligados ao desaparecimento de Antonio Russo, Raffaele Russo e Vincenzo Cimmino, que foram entregues pelos agentes a um grupo do crime organizado que opera no local.
Em 2017, o México registrou um total de 23.101 homicídios, segundo a Secretaria Executiva do Sistema Nacional de Segurança Pública (SESNSP, na sigla em espanhol). Foi o ano mais violento do país nas últimas duas décadas, superando 2011, quando foram registrados 22.409 assassinatos.