O presidente americano Donald Trump usou o Twitter para anunciar nesta terça-feira (13) o novo secretário de estado norte-americano. Trump escreveu que o ex-diretor da CIA, Mike Pompeo, assume o lugar de Rex Tillerson.
"Mike Pompeo, diretor da CIA, vai se tornar nosso novo Secretário de Estado. Ele fará um trabalho fantástico! Obrigado, Rex Tillerson, por seu serviço! Gina Haspel vai se tornar a nova diretora da CIA, e a primeira mulher escolhida para o cargo. Parabéns a todos!", diz o tweet.
A mudança foi anunciada em meio a um momento de grandes expectativas na política externa dos Estados Unidos, e Tillerson vinha preparando negociações e acercamentos com a Coreia do Norte. Os dois países já confirmaram que Donald Trump e Kim Jong Un estão preparando um encontro.
Rex Tillerson não vinha de uma carreira política tradicional, mas sim da área de comércio internacional. Ele assumiu a secretária de estado na posse de Trump no ano passado. Na época foi apontado como um profundo conhecedor da Rússia e com acercamentos ao presidente russo Vladmir Putin.
Á frente da secretaria de Estado, adotou uma postura discreta e em vários momentos "apagou incêndios" causados pelas polêmicas declarações do presidente Trump.
Na sexta-feira passada, Trump já havia pedido a saída de Tillerson, ordenando que ele regressasse de uma viagem à África. A imprensa americana como Washington Post e a CNN ouviram funcionários do governo norte-americano, que confirmaram que Trump vinha se indispondo com alguns pontos de vista de Tillerson
Para Trump, Tillerson vinha agindo de maneira "radical" sobre alguns de seus pontos de vista.
— Rex e eu (...) nos damos muito bem, mas divergimos em coisas —disse Trump a jornalistas nesta terça-feira (13). — O acordo com o Irã achei que era terrível, ele achou que estava bem. Eu queria rompê-lo, ou fazer algo, ele sentia um pouco diferente. Então, realmente, não estávamos pensando do mesmo jeito — completou.
O novo secretário
Mike Pompeo fez carreira militar nos Estados Unidos antes de atuar na agência de espionagem. Ele vem de uma temporada de um ano à frente da CIA (a Agência Central de Inteligência americana), onde ganhou a confiança de Trump ao manter o presidente informado sobre os assuntos de segurança nacional.
Pompeo traz a disciplina de alguém que se destacou em West Point - a prestigiosa Academia Militar americana -, além das manhas políticas de um ex-membro da Câmara de Representantes (2011-2017), onde serviu no polêmico Comitê de Inteligência.
Como diretor da CIA, cortou caminho até o círculo mais estreito de Trump, entregando pessoalmente muitos dos cruciais informações diárias de Inteligência no Salão Oval.
Ele ressoa a linha-dura de Trump contra o Irã e a Coreia do Norte e, para ficar em bons termos com o presidente, Pompeo também evitou contradizer diretamente a insistência de Trump de que a Rússia não trabalhou para apoiar sua eleição em 2016 - ainda que esta tenha sido a conclusão da CIA.
Pompeo, de 54 anos, tem uma carreira meteórica que se apoiou, em grande parte, em oportunidades políticas que acabaram por levá-lo a Trump.
Mais tarde fundou uma empresa de Engenharia em Wichita, no Kansas, que contou com o apoio financeiro dos conservadores irmãos Koch, os bilionários da indústria do petróleo e poderosos doadores do Partido Republicano.
Os irmãos Koch apoiaram sua primeira disputa ao Congresso em 2010, e seu projeto ligado à energia promovido em seus primeiros anos na Casa eram vistos com bons olhos por eles.
Pompeo rapidamente chegou ao Comitê de Inteligência da Câmara, onde, como um supervisor da CIA e de outras agências, esteve a par dos segredos mais profundos do país.
Ganhou notoriedade no Comitê especial formado pelo republicanos para investigar a morte, em 2012, do embaixador Christopher Stevens e de outros três americanos mortos em Benghazi, na Líbia.
O episódio fez dele a voz de liderança contra a rival de Trump, a democrata Hillary Clinton. Como secretária de Estado, ela foi responsabilizada pelos republicanos pelas mortes ocorridas no ataque ao consulado dos EUA.
— A CIA, para ser bem-sucedida, precisa ser agressiva, cruel, impiedosa, implacável — declarou.
Ele brincou sobre a morte do líder norte-coreano, Kim Jong-un, o que levantou temores de um retorno a tendência da CIA a apoiar assassinatos de ditadores desfavoráveis aos EUA.
Pressionado em público, disse apoiar o relatório de janeiro de 2017 elaborado pela cúpula da comunidade de Inteligência, que concluiu que a Rússia interveio na corrida presidencial de 2016 nos EUA, em um esforço para ajudar Trump a derrotar Hillary.
Ao mesmo tempo, mostrou-se tolerante com os duros ataques do presidente à CIA, quando este acusou os informes de fake news e de viés político.