As negociações entre Mercosul e União Europeia para um acordo de livre-comércio iniciadas há uma semana em Assunção avançaram, mas ainda precisam de mais definições até a próxima sexta-feira, quando esta etapa deliberativa será concluída.
"Para o Mercosul, a associação com a União Europeia é uma prioridade política e econômica, não apenas do ponto de vista geoestratégico, mas também por motivos culturais e históricos", afirmou o representante da chancelaria paraguaia, Antonio Rivas Palacios.
As negociações de Assunção acontecem a portas hermeticamente fechadas. A comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström, afirmou nesta segunda-feira, em Sofia, Bulgária, que os dois grupos estão "muito perto de um acordo".
"Eu acho que os problemas pendentes podem ser resolvidos, mas não posso dar uma data", disse ela.
- Texto equilibrado -
As equipes de negociadores em Assunção, dirigidas pelo chanceler paraguaio, Eladio Loizada, e pela delegada italiana, Sandra Gallina, se propuseram a esgotar as discussões para aproximar as posições, especialmente nos setores automotivo e agropecuário, que despertam grandes preocupações dos produtores.
"Estamos identificando as dificuldades remanescentes (...) e ainda estamos discutindo algumas questões relacionadas a (exportar) carros e a regras de origem", declarou Malmström.
Entre os integrantes da UE, França e Irlanda são os mais preocupados com potenciais repercussões negativas do acordo para seus setores agropecuários, sobretudo devido à importação de carne bovina do Mercosul.
"Existe uma forte vontade política para terminar as negociações com um texto equilibrado", afirmou, otimista, um funcionário do Paraguai que participa das reuniões.
Apesar das divergências nesses setores, um acordo poderia ser alcançado para criar as bases amplas de negociação que permitam fazer ajustes a médio prazo.
"Estamos confiantes, há muita vontade de superar qualquer diferença", disse o ministro paraguaio de Relações Exteriores.
Integrantes dos setores da produção, da indústria, do comércio e da agropecuária dos dois blocos regionais se reuniram paralelamente na semana passada, em Assunção, para exigir sua participação nas negociações.
Eles manifestaram sua preocupação sobre a abertura dos mercados, a habilitação de patentes e a retirada de tributos de produtos.
"O acordo Mercosul-UE deve se tornar uma mensagem clara sobre a aposta no comércio internacional e na interação dos povos, diferentemente das vozes que hoje falam em protecionismo", destacou o diplomata Ricas Palacios.
Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai Uruguai) e UE negociam há quase 20 anos um acordo de livre-comércio.
* AFP