O cineasta argentino Fernando Birri, considerado o "pai do novo cinema latino-americano", morreu aos 92 anos em Roma, informou nesta quinta-feira no Twitter o Instituto Nacional de Cinema e Artes Visuais da Argentina (Incaa).
"O Espaço Incaa Fernando Birri realizará um ato em homenagem ao pai do Novo Cinema Latino-americano, falecido ontem (quarta-feira)", tuitou o organismo oficial argentino.
Birri foi o fundador da famosa Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de los Baños, em Cuba, e em 15 de dezembro de 1986 pronunciou o discurso de inauguração, antes de abraçar o líder da revolução cubana, Fidel Castro.
Essas imagens e suas palavras ficaram registradas e fazem parte do documentário "Ata tu arado a una estrella", da argentina Carmen Guarini, um tributo a Birri apresentado fora de competição em novembro passado no Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata (sul).
A publicação do Ministério da Cultura de Cuba, La Jiribilla, lamentou a morte do diretor, que fez "importantes contribuições à cinematografia continental, em seu empenho por expressar com autenticidade a história regional".
"Espera-se utilizar o cinema a serviço da Universidade, e a Universidade a serviço da educação popular", disse Birri certa vez, lembrou a Universidade Nacional do Litoral, ao lamentar sua morte.
"Até sempre, presidente", anunciou em sua página de Facebook o Festival de Cinema Latino-americano, que Birri fundou em 1985 em Trieste, nordeste da Itália.
"Apesar da dor", o festival quis prestar uma homenagem à altura de seu presidente: "Imaginativo, hiperbólico, irreverente, dissonante, grandiloquente, genial mas também poético, sonhador e inspirador", acrescentou.
O diretor estava doente há vários anos e morreu em um hospital da capital italiana.
Birri nasceu na província de Santa Fe, em 13 de março de 1925, onde realizou seu primeiro curta-metragem, Tire Dié (1960), de acordo com o site especializado Otros Cines.
Neto de um anarquista do nordeste da Itália embarcado para a Argentina pelas forças de segurança no final do século 19, Fernando Birri fez o caminho inverso para estudar no Centro Experimental de Cinematografia de Roma, de 1950 a 1953, antes de voltar a Santa Fe e fundar um instituto de cinema.
Em 1961, seu longa-metragem Los Inundados ganhou o prêmio de obra-prima na Mostra de Veneza. Depois chegaram La Pampa Gringa (1963), Org (1978), Mi Hjo el Che (1985), Che, ¿Muerte de una Utopía? (1997), El Siglo del Viento (1999) e El Fausto Criollo (2011), seu último filme.
O cineasta recebeu o Prêmio Coral de Honra no VIII Festival Internacional do Novo Cinema Latino-americano, em Havana, em 1986. Em 2010, ganhou o Cóndor de Prata por sua trajetória no Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata, Argentina.
Também em 2010, recebeu o prêmio de honra do Festival Internacional de Cinema de Innsbruck, Áustria, em reconhecimento à sua trajetória e influência sobre o festival. Foi realizada uma retrospectiva em sua homenagem, com o título Sonhar com os Olhos Abertos.
* AFP