A maioria dos australianos se pronunciou a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, segundo uma consulta realizada pelos correios cujo resultado foi revelado nesta quarta-feira (15). A iniciativa informal deve levar o Parlamento a aprovar o casamento gay no país.
Segundo os resultados, 62% dos 12,7 milhões de australianos que participaram da consulta postal são favoráveis ao casamento homossexual, revelou o Bureau de Estatísticas em coletiva em Canberra.
Quase 80% dos eleitores participaram da consulta, informou o chefe do Bureau, Davis Kalisch.
— Os australianos podem agora confiar que nossas estatísticas refletem o ponto de vista da população.
Para que o casamento gay seja autorizado, o Parlamento — onde os conservadores bloquearam no passado iniciativas neste sentido — deverá adotar uma lei formalizando o resultado da consulta.
Milhares de partidários do casamento gay comemoraram o resultado com festas organizadas em toda a Austrália.
— Isto significa tudo, tudo — repetiu Chris entre as lágrimas e o abraço de seu parceiro, Victor, em um ato realizado em Sydney.
O primeiro-ministro, Malcolm Turnbull, um conservador moderado que defende uma nova lesgislação, considerou que o resultado constitui um apoio "avassalador" ao matrimônio igualitário.
— Os australianos se pronunciaram e votaram em massa pela igualdade matrimonial. Votaram sim à igualdade, ao compromisso e ao amor.
O premier reafirmou que seu governo tentará agora obter a aprovação da lei que permitirá o casamento gay antes do Natal.
Turnbull defendeu a legitimidade da consulta e disse que confia em aprovar a medida no Congresso com um "voto de consciência", no qual os legisladores não serão obrigados a acompanhar a orientação partidária.
Mas a iniciativa deverá passar ainda pelos setores mais conservadores da própria coalizão de governo, que exigem salvaguardas para a "liberdade religiosa", incluindo a permissão para que empresas e serviços possam rejeitar a organização de casamentos gays.
Turnbull e o opositor Partido Trabalhista defendem uma lei mais simples, que legaliza o casamento gay mas mantém o direito das instituições religiosas de não oficiar tais uniões.
Um projeto de lei deve ser apresentado ao Senado na próxima quinta-feira.