A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) – da qual Estados Unidos e Israel decidiram sair nesta quinta-feira (12) – é considerada a guardiã do patrimônio cultural da humanidade. Fundada em 1945, a partir da criação da Organização das Nações Unidas (ONU), a Unesco teve a sua constituição ratificada por 20 países.
Sediada em Paris (França), a entidade possui cerca de 50 escritórios e vários institutos e centros em todo o mundo, como o Instituto de Estatística, em Montreal (Canadá), e o Escritório Internacional de Educação, em Genebra (Suíça). Com 195 Estados-membros e oito membros associados, tem missão ambiciosa: "construir a paz na mente dos homens através de educação, ciência, cultura e comunicação".
Nesta quinta-feia (12), no anúncio de sua saída da agência da ONU, os Estados Unidos a acusaram de ser "anti-israelense". Logo depois, Israel também confirmou a sua retirada, com críticas ao posicionamento da entidade.
As ações
A Unesco é mais conhecida por manutenção de programas educacionais e listas de patrimônio mundial de bens culturais, além de pontos naturais de destaque, por vezes ameaçados.
A agência contabiliza 832 bens culturais, como a Grande Muralha da China e a Cidade Velha de Jerusalém, e 206 sítios naturais espalhados por 167 nações, como Ha Long Bay, no Vietnã, e Cataratas Victoria, no Zimbábue.
Uma das operações de preservação de patrimônio ocorreu em 1960, com o deslocamento do Grande Templo de Abu Simbel, no Egito, para evitar a sua inundação pelo Rio Nilo durante a construção da barragem de Assuã. Essa campanha durou 20 anos.
O conselho-executivo da organização elege nesta semana o seu próximo diretor-geral, que irá suceder a búlgara Irina Bokova, com dois mandatos marcados por dissensões políticas e dificuldades financeiras.
Ao final do terceiro turno de votação, na quarta-feira (11), os candidatos do Catar, Hamad bin Abdoulaziz Al-Kawari, e da França, Audrey Azoulay, estavam empatados.
O passado
A Unesco foi precedida pela Comissão Internacional para a Cooperação Intelectual (ICIC), criada em 1921 como parte da Liga das Nações, antepassada das Nações Unidas. Algumas personalidades de prestígio participaram dessa comissão, incluindo Henri Bergson, Albert Einstein, Marie Curie, Thomas Mann e Bela Bartok.
A Guerra Fria e o processo de descolonização tiveram impacto na Unesco. A URSS só se tornou membro em 1954.
Mais tarde, em 1956, a África do Sul, sob o regime do apartheid, considerou que a Unesco interferia em "problemas raciais" do país e decidiu se retirar da agência. O retorno do país ocorreu com Nelson Mandela no poder, em 1994.