O presidente catalão Carles Puigdemont ofereceu nesta segunda-feira (16) ao primeiro-ministro Mariano Rajoy dois meses de negociações e evitou responder claramente se declarou ou não a independência, como havia questionado o chefe de Governo da Espanha.
"Durante os dois próximos meses, nosso principal objetivo é fazê-lo dialogar", escreveu Puigdemont, segundo uma cópia de sua carta a Rajoy, na qual menciona a "suspensão" do mandato resultante do referendo de independência inconstitucional de 1º de outubro.
"Nossa proposta de diálogo é sincera, apesar de tudo que aconteceu, mas logicamente é incompatível com o atual clima de crescente repressão e ameaça", completa Puigdemont após mencionar a resposta policial ao referendo e as acusações a líderes independentistas como Jordi Sánchez e Jordi Cuixart, ou ao comandante da polícia catalã Josep Lluís Trapero, que nesta segunda-feira devem prestar depoimento em Madri em um processo por "sedição".
Puigdemont não especifica o que deseja negociar, mas afirma que "mais de dois milhões de catalães deram ao Parlamento o mandato de declarar a independência", na consulta proibida de 1 de outubro.
Rajoy havia solicitado a Puigdemont uma resposta clara a seu requerimento, sob a ameaça de iniciar a aplicação do Artigo 155 da Constituição espanhola, que poderia suspender total ou parcialmente a autonomia catalã.
O presidente catalão tinha prazo até 10h (6h de Brasília) desta segunda-feira (16) para explicar ao governo central se declarou o não a independência da Catalunha em uma sessão na terça-feira passada no Parlamento regional.
Se o governo de Rajoy considerar que Puigdemont não respondeu a pergunta, o líder catalão terá até quinta-feira para retificar a situação.
Puigdemont está sob grande pressão, tanto política como econômica, diplomática e judicial, entre os que desejam a declaração imediata de independência e os que pedem um freio ao projeto.
Em sua campanha pelo referendo, proibido pela justiça que o considerou inconstitucional, os independentistas afirmaram que as empresas não deixariam a Catalunha e que, diante do "fato consumado", a comunidade internacional apoiaria a região.
Na realidade, a história foi bem diferente: desde 2 de outubro, 540 empresas iniciaram os procedimentos para retirar a sede social da Catalunha e a União Europeia expressou apoio a Rajoy.