O presidente catalão, Carles Puigdemont, prepara, neste domingo (15), sua resposta ao grande dilema: proclamar abertamente a independência, na segunda-feira (16), e levar o Estado espanhol a suspender a autonomia da Catalunha ou recuar — o que provocaria a revolta dos separatistas.
O governante independentista tem até as 10h (6h de Brasília) de segunda-feira para dizer ao governo central do primeiro-ministro Mariano Rajoy se declarou ou não a independência da Catalunha em uma sessão na última terça-feira (10), no Parlamento regional.
Em caso de resposta afirmativa, Rajoy vai aplicar o artigo 155 da Constituição — medida drástica e de consequências imprevisíveis, que permitirá intervenção nas amplas competências do governo catalão, em áreas como saúde, educação e polícia regional.
Puigdemont não antecipou sua resposta, mas fez, no entanto, referências a seu compromisso com os resultados do referendo de autodeterminação de 1º de outubro — considerado ilegal pela Justiça —, que os independentistas afirmam ter vencido com 90% dos votos e uma taxa de participação de 43% do eleitorado regional.
— Em um dia como este, o governo e eu mesmo queremos reiterar nosso compromisso com a paz, o civismo, a serenidade, e também com a firmeza e a democracia como inspiradores das decisões que temos de tomar — declarou.
Puigdemont está elaborando sua resposta em meio a pressões políticas, econômicas, diplomáticas e judiciais.
Em sua campanha pelo referendo, os independentistas afirmaram que as empresas não deixariam a Catalunha e que, diante do "fato consumado", a comunidade internacional apoiaria a região.
Na realidade, a história foi diferente: entre os dias 2 e 11 de outubro, 540 empresas iniciaram os procedimentos para retirar a sede social da Catalunha, incluindo os dois maiores bancos da região — CaixaBank e Sabadell —, o grupo editorial Planeta e a Gas Natural.
No cenário internacional, os principais líderes da União Europeia (UE) se pronunciaram contra uma secessão unilateral.
A pressão dos tribunais também é forte. A Justiça está investigando o governo catalão, incluindo o presidente, por supostos delitos como o de "desobediência" pela organização da consulta de 1º de outubro.
Pressão dos independentistas
Do lado do separatismo, a pressão sobre Puigdemont não é menor. Seu vice-presidente, Oriol Junqueras, afirmou, no sábado (14), que no caso de um improvável diálogo com o governo espanhol ou de uma mediação internacional, a "referência" deverá ser "a construção da República".
O partido radical CUP, cujo apoio no parlamento regional é fundamental para a coalizão de Puigdemont, considera "impossível" o diálogo e exigiu que o presidente proclame a República com "um ato solene".
Na terça-feira, Puigdemont provocou desconcerto quando declarou a independência e a suspendeu de imediato. O objetivo era abrir uma janela para o diálogo com Madri ou para a mediação internacional.
Por sua vez, os espanhóis deram prazo a Puigdemont até segunda-feira para esclarecer se declarou ou não a secessão.
Caso ele responda a Rajoy que declarou independência, terá até quinta-feira para retificar: se isso não acontecer, o governo espanhol recorrerá ao artigo 155 da Constituição.