O presidente queniano em fim de mandato, Uhuru Kenyatta, venceu a eleição presidencial de 26 de outubro com 98,26% dos votos, em uma consulta boicotada por seu principal opositor, Raila Odinga - anunciou a Comissão Eleitoral (IEBC) nesta segunda-feira (30).
Kenyatta, de 56, já fez seu primeiro pronunciamento, após a confirmação oficial de sua vitória.
"Não é nada mais do que uma nova confirmação da vontade" do povo, afirmou o presidente agora reeleito.
Ele disse esperar que o resultado seja novamente contestado na Justiça, mas prometeu respeitar o quadro legal.
Kenyatta recebeu 7,483 milhões de votos contra 73.228 para Odinga. A participação foi de 38,8%, uma forte queda em relação às eleições de 8 de agosto (79%), anulada pela Suprema Corte por irregularidades, informou a IEBC.
Antes de divulgar os resultados condado por condado, o presidente da IEBC, Wafula Chebukati, considerou que essas novas eleições foram "livres, equitativas e confiáveis".
A Comissão decidiu proclamar a vitória de Kenyatta, apesar de o pleito não ter podido ser realizado em quatro condados do oeste do país, favoráveis à oposição. A IEBC alegou, porém, que mesmo que tivessem sido realizadas eleições nesses condados, o resultado global não seria modificado.
País dinâmico e primeira economia comercial no leste da África, com 48 milhões de habitantes, o Quênia está mergulhado em sua pior crise política em dez anos, desde que a Suprema Corte invalidou a disputa de 8 de agosto.
As eleições foram invalidadas após as denúncias por parte de Odinga sobre irregularidades no processo. O Supremo responsabilizou a Comissão Eleitoral por realizar eleições que não foram "transparentes".
Odinga, de 72 anos e candidato à Presidência em 1997, 2007 e 2013, pressionou para obter uma reforma da Comissão, mas a oposição considerou as mudanças insuficientes.
Pelo menos 49 pessoas morreram desde a anulação do pleito em agosto. A maioria das vítimas era da oposição e vivia em comunidades pobres de Kawangware, Kibera e Mathare, em Nairóbi, ou em cidades do oeste, redutos eleitorais de Raila Odinga.
A situação reaviva a lembrança da violência deflagrada depois da eleição presidencial de 2007, que levou à pior violência política e étnica desde a independência do país, em 1963. Pelo menos 1.100 pessoas morreram na época.
Desde que o Quênia se tornou independente, três dos quatro presidentes pertenciam à etnia kikuyu, que também domina a economia nacional.
* AFP