A estilista americana Donna Karan, de 69, defendeu o famoso produtor de Hollywood Harvey Weinstein, alvo de denúncias de assédio sexual, detonando uma enxurrada de críticas e convocações de boicote à marca homônima, o que a levou a se retratar.
Entrevistada no domingo à noite no tapete vermelho do CineFashion Film Awards, uma cerimônia de entrega de prêmios em Los Angeles, Donna surpreendeu ao sugerir que as vítimas de seu grande amigo Weinstein talvez merecessem esse tratamento pela forma como se vestiam.
"Você olha para todo o lado hoje, e como as mulheres estão se vestindo e o que elas estão buscando ao se apresentarem a si mesmas dessa maneira. O que estão procurando? Problemas", disse a estilista, fundadora da marca DKNY.
"Estamos pedindo isso ao apresentar toda a sensualidade e toda a sexualidade?", completou.
"Harvey fez coisas fantásticas", destacou ela, acrescentando que o produtor e sua mulher, Georgina Chapman, cofundadora da marca Marchesa, "são pessoas maravilhosas".
Os comentários de Donna Karan foram feitos horas depois de Weinstein ter sido demitido pelo conselho administrativo de sua própria produtora, The Weinstein Company.
"À luz de novas informações sobre a má conduta de Harvey Weinstein que surgiram nos últimos dias, os diretores da The Weinstein Company - Robert Weinstein, Lance Maerov, Richard Koenigsberg e Tarak Ben Ammar - determinaram e informaram Harvey Weinstein de que seu emprego na companhia acabou", declarou a diretoria da empresa em uma nota citada por jornais americanos.
A rede de TV a cabo Paramount Network também anunciou que o nome de Weinstein já não figura como produtor-executivo de vários de seus projetos, segundo a revista Variety.
As reações nas redes sociais não demoraram.
Uma das reações mais fortes foi a da atriz Rose McGowan. Ela teria, segundo o jornal The New York Times, chegado a um acordo amistoso com Weinstein em 1997, depois que o produtor teve um comportamento inadequado com ela.
"Donna Karan, você é DEPLORÁVEL", tuitou ontem a atriz de 44 anos.
"Ajudar e incitar é um crime moral. Você é escória em um vestido sofisticado", acrescentou.
Ontem mesmo, Donna Karan divulgou uma nota, pedindo desculpas.
"Minhas declarações foram tiradas de contexto e não representam o que eu sinto sobre a situação que diz respeito a Harvey Weinstein", afirmou.
"Acho que o assédio sexual não é aceitável e que se trata de um problema que deve ser tratado de uma vez por todas, seja quem for a pessoa envolvida", insistiu.
As desculpas não foram suficientes para muitos internautas que hoje continuavam manifestando sua irritação com a estilista nova-iorquina. Vários sugeriram o boicote a seus produtos.
A estilista não está mais envolvida com a gestão das marcas Donna Karan e DKNY, vendidas em 2001 para o grupo de luxo LVMH. Este cedeu ambas em 2016 para o G-III Apparel Group.
Karan deixou de atuar nesses grupos em 2015, para se concentrar em sua marca Urban Zen.
"Não haverá mais Donna Karan para mim", tuitou a atriz americana Mia Farrow.
"Para a DKNY, quantas meninas de 17 anos você vestiu para estejam, nas suas palavras,' pedindo por isso'?", questionou o chef Anthony Bourdain no Twitter, postando junto a foto de uma provocante campanha publicitária da marca.
Nela, uma jovem com meia preta 7/8 preta está sentada sobre uma mesa, com as pernas abertas, enquanto um homem a acaricia.
* AFP