O mais aguardado discurso da história recente da Espanha terá lugar a partir das 16h desta terça-feira (13h no horário de Brasília) no parlamento regional da Catalunha, em Barcelona, quando o presidente da comunidade autônoma catalã, Carles Puigdemont, se pronunciará sobre a independência da nação de 7 milhões de habitantes.
O teor do discurso de Puigdemont é uma incógnita. Uma lei aprovada em setembro pelo parlamento catalão determinou a declaração unilateral de independência caso esse fosse o desejo dos eleitores expresso em plebiscito realizado em 1º de outubro. Dos 2,2 milhões de votantes da consulta, 90% aprovaram a independência.
O governo espanhol pediu nesta terça-feira a Puigdemont "que não faça nada irreversível" e renuncie a declarar a independência.
– Quero pedir ao senhor Puigdemont que não faça nada irreversível, que não siga nenhum caminho sem volta, que não realize nenhuma declaração unilateral de independência, que volte à legalidade – disse à imprensa o porta-voz do governo da Espanha, Íñigo Méndez de Vigo.
Prova da tensa espera que cerca o discurso previsto no Parlamento catalão, a polícia catalã fechou ao público a área na qual fica a sede parlamentar para "prevenir situações de pressão sobre a atividade parlamentar", sejam de unionistas ou separatistas, afirmou um porta-voz da força de segurança regional catalã, os Mossos d'Esquadra.
– Por motivos de segurança, o Parque de la Ciutadella estará fechado ao público durante o dia de hoje (terça) – anunciou a polícia local.
Mas as pressões nacionais e internacionais, assim como a incerteza econômica, podem mudar a postura de Puigdemont, que busca uma mediação internacional para solucionar o conflito.
O que está em jogo é o futuro de um território estratégico para a Espanha, com uma superfície equivalente ao tamanho da Bélgica, com 16% da população do país e responsável por 19% de seu Produto Interno Bruto. E Madri não pretende ficar de braços cruzados.
– Se este senhor declarar unilateralmente a independência, teremos que adotar medidas – advertiu na segunda-feira a vice-presidente do governo central, Soraya Sáenz de Santamaría.
Nesta terça-feira, o ministro espanhol da Economia, Luis de Guindos, afirmou que o governo do país conta com o apoio da União Europeia em sua resposta ao desafio da Catalunha".
– Isto não é um tema de "independência sim, independência não". Isto é um tema de rebelião contra o Estado de direito e o Estado de direito é a base não apenas da convivência na Espanha, mas também da convivência na Europa – declarou De Guindos.
Sobre a mesa está a aplicação do Artigo 155 da Constituição, que prevê a suspensão do governo autônomo da Catalunha, restaurado após a ditadura de Francisco Franco (1939-1975), ou inclusive decretar um estado de emergência na região.
Os apelos por diálogo proliferam pela Catalunha, Espanha e Europa, ante um choque institucional que aprofundaria a divisão na sociedade catalã, partida quase ao meio a respeito da questão.