Morando com a família há apenas 30 dias em Parkland, no Estado americano da Flórida, o gaúcho Jones Maldaner, 52 anos, enfrentou uma viagem de 15 horas na tentativa de escapar do furacão Irma. Ele saiu de casa na noite de quinta-feira (7) e, pouco antes das 15h desta sexta-feira (8), chegou a um hotel em Destin – na costa noroeste da Flórida, próximo à divisa com o Alabama –, que será a primeira parada da família.
– Estamos muito cansados. Vamos parar e planejar o que fazer. Temos que ver as notícias, avaliar para onde ir, ver a abrangência do furacão. Talvez a gente vá para Nova Orleans – disse Maldaner a Zero Hora.
Maldaner se mudou para os Estados Unidos pensando em expandir a empresa de tecnologia que tem em Porto Alegre há 27 anos – a Sisnema Informática – e dar melhores condições de vida aos filhos Matheus, 15 anos, e Luana, 11 anos. A esposa Kelly, 46 anos, trabalha com ele. Também acompanhou a mudança a cachorra de estimação da família, Lika.
– Não esperava por esta aventura. Mas vamos enfrentar – brincou, enquanto se instalava no hotel.
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Desde o começo da semana, segundo Maldaner, há muita correria na cidade. Ele disse que a família estocou água, alimentos e medicamentos, pensando em ficar em casa. Há dois dias, os quatro começaram o trabalho de proteger janelas e portas com placas de aço que estavam guardadas na garagem da casa em que vivem:
– Depois de fechar tudo, ficou muito escuro lá dentro. Sentamos e começamos a discutir várias possibilidades, como qual seria a melhor peça para ficarmos durante a passagem do furacão. Pensamos no banheiro, que tem paredes mais fortes e também em levar uma mesa para perto, para que pudéssemos nos proteger embaixo. Até a noite de ontem (quinta), ainda tínhamos dúvidas sobre o que fazer, sempre trocando ideia com amigos brasileiros que moram aqui há sete anos.
Confira a rota da família Maldaner
O empresário disse ter ficado muito impressionado com o sistema de comunicação. Explicou que recebe mensagens de orientação e alerta o tempo todo nos quatro celulares da família, de órgãos como companhia de luz, escola e outros. Aplicativos informam sobre postos que ainda têm combustível disponível e rotas para viagem. Segundo Jones, há filas com espera de até uma hora para conseguir abastecer.
– Quando o carro está com meio tanque já ficamos nervosos para completar, com medo de ficar sem – contou.
Enquanto se instalavam em Destin, Jones e Kelly receberam, pela família, notícias de uma prima de Kelly, a médica Mariana Fischer, que está passando férias com o marido e a filha de três anos em San Martin. Grávida de três meses, Mariana enviou um áudio emocionado para parentes relatando que há muita destruição na ilha. Ela e a família estão em um hotel que não foi atingido, mas a médica explicou que não há nada de estrutura para atendimento e tudo está faltando. Familiares estão tentando contato com autoridades em Brasília e na embaixada, mas ainda não tiveram sucesso.
– Ela disse que está tudo destruído, até o aeroporto. Não há previsão de como sair de lá. Muito assustador – disse Maldaner.