Com o voto do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi aberta neste domingo (30) a eleição dos representantes da Assembleia Nacional Constituinte, um órgão que terá poderes ilimitados para promover reformas e mudar o ordenamento jurídico do país.
A chegada do presidente ao centro de votação foi transmitida ao vivo pela emissora estatal VTV, com o slogan "primeiro voto pela paz". Maduro votou pouco depois das 6h locais (7h em Brasília), quando estava prevista a abertura das urnas.
As eleições para a Assembleia Constituinte, que não contam com a participação da oposição, ocorrem apesar da rejeição de grande parte dos setores sociais do país e da comunidade internacional. Protestos contra a medida iniciados em abril já deixaram pelo menos cem mortos, milhares de feridos e quase 5 mil presos.
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– Quis ser o primeiro voto pela paz, pela soberania e pela independência da Venezuela. Hoje é um dia histórico – disse Maduro após votar, acompanhado de alguns observadores internacionais que foram convidados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
O segundo voto foi dado pela primeira-dama, Cilia Flores, também candidata à Assembleia Constituinte.
"Fé, esperança e amor"
Maduro reiterou o pedido para que os cidadãos votem com "fé, esperança e amor" para "buscar a reconciliação, a justiça, a verdade e superar os problemas".
A oposição, que não participa do processo por considerá-lo fraudulento, convocou seus simpatizantes para bloquear as ruas de cidades dos 23 estados da Venezuela. A maior concentração vai ocorrer na estrada Francisco Fajardo, principal via de Caracas.
– Peço a Deus todas as bênçãos para que o povo possa exercer livremente seu direito democrático – afirmou Maduro, citando o esquema montado pelo CNE para enfrentar o que o órgão chama de "ameaça democrática".
A Assembleia Nacional Constituinte é criticada por vários governos, que pediram a Maduro para suspender a eleição. Um dos principais pontos questionados é a falta de um referendo prévio para autorizar o processo – requisito adotado em 1999, quando a atual Carta Magna da Venezuela foi redigida e sancionada.