A Coreia do Norte acusou, nesta sexta-feira (5), a Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos de conspirar com a Coreia do Sul para assassinar o líder do país, Kim Jong-Un, em um momento de tensão na região.
Por meio de um comunicado do Ministério da Segurança do Estado, o governo norte-coreano afirmou que a CIA e os serviços de inteligência de Seul planejaram um "vicioso complô com substâncias bioquímicas" para matar Kim Jong-Un durante cerimônias públicas em Pyongyang.
"Assassinar usando substâncias químicas que incluem substâncias radioativas e nano-substâncias venenosas é o melhor método, pois não requer aproximação do objetivo, e seus efeitos letais aparecerão depois de seis ou 12 meses", afirma o comunicado, citado pela imprensa estatal.
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A CIA e os serviços de inteligência sul-coreanos (IS) "corromperam ideologicamente e subornaram um cidadão norte-coreano chamado Kim" para executar o ataque contra o líder do país, segue o texto.
Segundo o documento, o ataque poderia ser realizado durante um desfile militar no mausoléu que abriga os corpos do pai do líder norte-coreano, Kim Kong-Il, morto em 2011, e de seu avô, Kim Il-Sung, o pai fundador da nação.
O comunicado, no entanto, não revela mais informações sobre como o complô teria sido desbaratado ou o que aconteceu com o suposto espião que deveria executar o crime. De acordo com o governo norte-coreano, o homem, que teria um cúmplice chinês, recebeu até US$ 740 mil e equipamentos, incluindo material de transmissão, para realizar o ataque contra Kim Jong-Un.
"Vamos expor e destruir impiedosamente o último terrorista da CIA e da inteligência fantoche da Coreia do Sul", diz a declaração, afirmando o complô é equivalente a "uma declaração de guerra".
Segundo analistas, as acusações da Coreia do Norte podem ser uma tentativa preventiva de dissuadir o governo Trump de realizar um ataque cirúrgico contra o regime comunista. O comunicado, além disso, é divulgado um dia após a aprovação pela Câmara de Representantes dos Estados Unidos de novas sanções contra os norte-coreanos.
As tensões entre os países aumentaram nos últimos meses em razão dos programas nuclear e de mísseis norte-coreanos. A Coreia do Norte, que tenta produzir mísseis com capacidade de transportar ogivas nucleares até o continente americano, executou cinco testes nucleares – dois deles em 2016. Muitos analistas acreditam que o sexto teste nuclear é iminente.
Relações tensas
Nas últimas semanas, as relações entre Estados Unidos e Coreia do Norte se tornaram mais tensas após movimentações militares e declarações de líderes dos dois países. Em 19 de abril, durante visita ao Japão, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, prometeu uma "resposta esmagadora" às ameaças da Coreia do Norte. Quatro dias depois, o governo norte-coreano ameaçou atacar um porta-aviões americano.
Com influência da região, a China vem tentando interceder no conflito. Os presidentes chinês e norte-americano Xi Jinping e Donald Trump se reuniram no início de abril, na Florida. Nas semanas seguintes, Jinping pediu ao republicano uma solução "pela via pacífica" e apelou para que as tensões fossem contidas.
*AFP