Homens armados atacaram, nesta quarta-feira (17), a sede da Rádio e Televisão do Afeganistão (RTA) em Jalalabad, capital da província de Nangarhar, e mataram pelo menos duas pessoas. O tiroteio seguiu por mais de duas horas após o início da ofensiva, que ocorreu perto do quartel-general da polícia local.
O porta-voz do governo provincial, Attaullah Jogyani, citou um grupo de quatro criminosos responsáveis pelo ataque. No entanto, o número exato ainda é incerto. O atentado foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A reivindicação do ataque foi assumida por meio de um comunicado publicado pela agência de notícias Amaq, vinculada aos terroristas, e divulgada por canais jihadistas no Telegram.
Segundo o porta-voz da Polícia de Nangarhar, Hazrat Hussain Mashriqiwal, as forças afegãs mataram três membros do grupo extremista.
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O secretário de Saúde, o médico Najibullah Kamawala, mencionou "14 feridos enviados aos hospitais" de Jalalabad. O edifício da RTA fica diante da sede do governo provincial e do quartel-general da polícia de Jalalabad.
Todas as avenidas próximas ao local foram bloqueadas. Testemunhas afirmaram que ouviram fortes explosões.
– Quando ouvi os tiros, consegui escapar, mas os meus colegas continuam presos no prédio – afirmou um fotógrafo da RTA que pediu para o nome não ser revelado.
– Não sabemos qual é o alvo exato, mas estamos respondendo ao ataque – disse Hazarat Hussain Mashreqiwal, porta-voz da polícia, cujo quartel fica a menos de 300 metros do local.
Devastado pelo conflito entre forças do governo e rebeldes, o Afeganistão registrou a morte de 13 jornalistas no país, em 2016. Os combatentes talibãs, que iniciaram em abril a tradicional ofensiva de primavera, têm forte presença na província de Nangarhar, fronteiriça com o Paquistão.
A região também tem a presença de extremistas do Estado Islâmico (EI), que transformaram a região em base de retaguarda no Afeganistão.
Nas últimas semanas, as tropas afegãs, apoiadas pelas forças norte-americanas, executaram várias operações para expulsar o EI da região, durante as quais três militares foram mortos. O Pentágono prometeu expulsar o EI do país até o fim do ano.
Em abril, a Força Aérea americana lançou a bomba convencional mais potente da história e matou 96 integrantes do EI na região. A operação, no entanto, foi criticada por muitos analistas, para quem os talibãs, e não o EI, constituem a principal ameaça para a estabilidade e a paz no Afeganistão.
Os talibãs controlam ou disputam mais da metade do território com as forças governamentais. A situação empurra a Casa Branca e a Otan a reforçar a presença das forças ocidentais, que atualmente contam com 13,2 mil militares, incluindo 8,4 mil americanos.
*AFP