Jihadistas e rebeldes sírios iniciaram, nesta terça-feira, uma nova ofensiva na zona leste de Damasco, dois dias antes de uma nova rodada de negociações sobre a Síria em Genebra, com mediação da Organização das Nações Unidos (ONU).
No domingo, jihadistas e rebeldes executaram um primeiro ataque em dois anos a partir do bairro de Jobar contra a Praça dos Abássidas, o ponto mais próximo ao centro da cidade. No entanto, a ofensiva foi contida pelas tropas do presidente sírio Bashar al-Assad com intensos bombardeios aéreos, principal vantagem das Forças Armadas do país na guerra contra os insurgentes, que completou seis anos em 15 de março.
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Nesta terça-feira, as forças do governo tentam impedir a nova ofensiva executada a partir do bairro de Qabun pelos extremistas da Frente Fateh Al-Sham, ex-braço da Al-Qaeda na Síria, e os rebeldes islamitas.
"O exército enfrenta tentativas de infiltração de grupos terroristas, mas conseguiu cercá-los", anunciou a agência estatal de notícias SANA.
– As portas e as janelas tremiam a cada bombardeio – disse um homem identificado apenas como Lamis, de 28 anos, que mora a poucos quilômetros do cenário dos confrontos. – Tenho medo de que os homens armados (rebeldes) avancem mais. Espero que termine rapidamente – afirmou.
– Aconteceu uma grande explosão ao amanhecer, provavelmente provocada por um carro-bomba dos rebeldes contra uma posição do regime entre os bairros de Jobar e Qabun – disse à AFP Rami Abdel Rahman, diretor da ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). – Após a explosão, foram registrados bombardeios e combates violentos – completou.
A aviação síria respondeu e bombardeou as posições rebeldes, que lançavam foguetes contra os bairros dos Abássidas e de Tijara, vizinhos a Jobar e próximos ao centro de Damasco. Os foguetes deixaram 12 feridos, de acordo com a agência estatal SANA.
Os combates de domingo e segunda-feira deixaram 72 mortos – 38 soldados e 34 insurgentes, de acordo com o OSDH.
As conversações entre o governo e a oposição com a mediação da ONU estão previstas para começar na quinta-feira, dia 23 de março.
– Os últimos ataques terroristas em Damasco e em outras partes da Síria pretendem pressionar o governo sírio antes de Genebra – declarou, na segunda-feira, Bashar al-Jaafari, coordenador da delegação do regime.
Todos os esforços diplomáticos, organizados pela ONU e por outros países, para solucionar o conflito sírio fracassaram até o momento.
A guerra na Síria, iniciada em março de 2011, deixou 320 mil mortos e milhões de deslocado e refugiados.
*AFP