A Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) acusou, nesta quarta-feira, o site WikiLeaks de colocar funcionários americanos em risco ao ajudar adversários dos Estados Unidos e abalar a luta de Washington contra a ameaça terrorista com a publicação de métodos de espionagem da CIA.
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A porta-voz da agência americana, Heather Horniak, não confirmou a autenticidade dos documentos publicados na terça-feira pelo WikiLeaks, que supostamente revelam métodos de espionagem da CIA.
– Tais publicações não apenas colocam em risco o pessoal americano e as operações, mas também dão a nossos adversários ferramentas e informação para prejudicar os Estados Unidos – disse a porta-voz.
– A sociedade americana deve preocupar-se profundamente por qualquer revelação do WikiLeaks planejada para prejudicar a capacidade dos serviços de inteligência para proteger os Estados Unidos de qualquer terrorista ou adversário – acrescentou.
Horniak defendeu operações da CIA, que segundo a organização fundada por Julian Assange interfere nos dispositivos eletrônicos por meio de malwares.
– O trabalho da CIA é ser inovadora, avançada e estar na primeira linha de defesa para proteger este país de inimigos estrangeiros – assegurou Horniak.
O WikiLeaks publicou na terça-feira cerca de 9 mil documentos sobre a CIA, na maior divulgação sobre informação sigilosa de inteligência. Segundo o site, a CIA desenvolveu programas para transformar smart TVs em dispositivos de escuta, contornar aplicativos populares de criptografia e, possivelmente, controlar automóveis.
O WikiLeaks afirma que a CIA produziu mais de mil sistemas de malware, programas maliciosos que podem se infiltrar e assumir o controle de aparelhos eletrônicos. Estas ferramentas de "hacking" tiveram como alvo iPhones, sistemas Android, softwares populares da Microsoft e smart TVs da Samsung.
Os documentos divulgados na terça-feira mostram que a CIA explora as fraquezas que encontra nos sistemas de hardware e software – sem informar os fabricantes sobre as vulnerabilidades em questão. Ao infectar e efetivamente assumir o comando do software de smartphones, a CIA pode contornar as tecnologias de criptografia de aplicativos populares como WhatsApp, Signal, Telegram, Weibo e Confide, coletando comunicações antes delas serem criptografadas.
De acordo com o site, os documentos mostram que a CIA rivaliza com a Agência de Segurança Nacional (NSA), o principal órgão de espionagem eletrônica do governo americano, na guerra cibernética. O WikiLeaks adverte que o vazamento dos documentos sugere que a CIA não controlou suficientemente suas próprias armas cibernéticas, potencialmente permitindo que caíssem nas mãos de outros hackers.
"Muitas das vulnerabilidades usadas no arsenal cibernético da CIA estão disseminadas e algumas podem já ter sido encontradas por agências de inteligência rivais ou criminosos cibernéticos".
O jornal The Washington Post informou que o FBI está preparando uma grande operação para determinar quem vazou os documentos divulgados pela organização fundada por Julian Assange.
*AFP