António Guterres preside, nesta quinta-feira, em Genebra, o início da conferência internacional sobre o Chipre para tentar assentar as bases de um futuro Estado federal cipriota. Será a primeira viagem oficial do ex-primeiro-ministro português como secretário-geral da ONU.
A conferência destinada a solucionar um conflito de mais de 40 anos é precedida por intensas negociações entre as delegações das comunidades grega e turca da ilha. Participam da reunião os ministros das relações exteriores dos três países "fiadores" da segurança da ilha, Grécia, Turquia e Reino Unido: Nikos Kotzias, Mevlut Cavusoglu e Boris Johnson, respectivamente.
Também participam o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e Federica Mogherini, chefe da diplomacia europeia.
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Pela primeira vez desde a divisão do Chipre, há 42 anos, os cipriotas gregos e turcos trocarão os mapas de um futuro Estado federal que posteriormente confiarão à ONU. O intercâmbio de mapas será realizado a portas fechadas no Palácio das Nações Unidas de Genebra com a presença de apenas cinco pessoas.
– Serão apresentados em uma sala especial, com os dois dirigentes (o presidente greco-cipriota Nicos Anastasiades e o dirigente turco-cipriota Mustafa AKinci), eu e um cartógrafo de cada lado – disse o mediador da ONU, o diplomata norueguês Espen Barth Eide.
Os mapas "serão guardados em uma caixa forte e ficarão em posse da ONU", acrescentou, ressaltando que "o mapa definitivo será o resultado de um processo global".
– É um momento muito importante, histórico – disse o diplomata norueguês. – Nunca tivemos no passado uma troca de mapas.
O mediador, que acompanha as negociações desde a reativação do processo de paz, em maio de 2015, afirma que os documentos não serão divulgados publicamente "devido à sensibilidade do tema".
Histórico
A ilha mediterrânea está dividida desde o golpe de Estado frustrado de 1974, cujos articuladores queriam anexar o Chipre à Grécia. Desde então, a República do Chipre, admitida na União Europeia em 2004, exerce a autoridade apenas na parte sul, onde vivem os cipriotas gregos. Os cipriotas turcos vivem no norte, onde existe a República Turca do Chipre do Norte, reconhecida apenas pela Turquia.
A divisão do país provocou o êxodo entre o norte e o sul de dezenas de milhares de cipriotas gregos e turcos que esperam, se for alcançado um acordo, recuperar as propriedades que precisaram abandonar. As diferenças cartográficas entre gregos e turcos sobre o futuro Estado federal do Chipre não vai além de "um por cento".
Os turco-cipriotas, amplamente minoritários, controlam, no entanto, 36% do território da ilha. A parte grega estaria disposta a conceder à minoria turca o controle de 28,2% do futuro Estado federal, indicaram meios de comunicação cipriotas. A parte turca exige, por sua vez, 29,2% do território.