Micah Xavier Johnson, 25 anos, identificado como o autor dos disparos que mataram cinco policiais e deixaram outros sete feridos, na noite de quinta-feira, em Dallas, no Texas, era um reservista do Exército americano, que não tinha antecedentes criminais ou ligação com grupos terroristas. Sem ceder às negociações, o jovem negro acabou sendo executado por um robô-bomba.
Johnson, que vivia no subúrbio de Mesquita, a 20 minutos de carro de Dallas, teria dito a às autoridades policiais, antes de ser executado, que era um veterano e que agiu sozinho, contrariando as suspeitas de que outros atiradores participaram do ataque.
– O suspeito disse que estava bravo com brancos e queria matar pessoas brancas, especialmente policiais – disse o chefe de polícia de Dallas, David Brown, em coletiva de imprensa.
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O atirador disse a negociadores da polícia que "o fim está chegando" e que queria "matar mais" oficiais, de acordo com Brown. Após várias horas de negociação, com trocas intermitentes de tiros, o suspeito foi morto na explosão de uma bomba levada por um robô da polícia.
Autoridades americanas disseram ao site The Daily Beast que Johnson era um cabo da reserva do Exército, que foi enviado ao Afeganistão em novembro de 2013 como engenheiro, antes de voltar em julho de 2014.
Em seu perfil no Facebook, que aparentemente foi deletado, Johnson se identificou como um nacionalista negro. Entre as poucas imagens postadas, estava a frase "Black power" (poder negro, na foto abaixo). Em uma das suas fotos, ele aparece vestindo o dashiki, uma peça colorida do vestuário masculino usada pelos homens da África Ocidental, e erguendo um punho fechado no ar.
Ainda segundo o The Daily Beast, o jovem não se identificou explicitamente como um membro da “Nação do Islã”, um grupo muçulmano militante negro, mas gostava de páginas relativas ao Elijah Mohammed, falecido fundador do grupo. Johnson também gostava de vários grupos de negros separatistas, como The New Black Panther Party e o African American Defense League.
O jovem pertencia ao movimento negro Black Lives Matter e teria expressado raiva quanto ao grupo na conversa com os policiais. As autoridades acreditam que Johnson pertencia a um clube de tiro informal, onde praticava com frequência, de acordo com o jornal Los Angeles Times.
Ainda não está claro se havia outros atiradores ou se outras pessoas detidas pela polícia estavam envolvidos no tiroteio. A polícia inicialmente disse que havia outros atiradores posicionados formando um triângulo em locais elevados para disparar sobre os policiais.
A polícia conseguiu encurralar Johnson em um prédio e tentou negociar a rendição. Na negociação, também disse ter instalado bombas em todo centro de Dallas, apesar de especialistas em explosivos não terem achado qualquer artefato.
Johnson morreu depois que a polícia utilizou um robô com explosivos enviado ao local em que ele se entrincheirou.
A ação ocorreu durante um protesto em Dallas, no Texas, contra a violência policial contra negros nos Estados Unidos. Centenas de pessoas participavam da manifestação, que acontecia no Belo Garden Park, no momento dos disparos. As manifestações ocorrem um dia depois de dois casos envolvendo morte de homens negros após ações policiais.