Os Estados Unidos estão monitorando atentamente a movimentação de tropas russas na fronteira com a Ucrânia. A afirmação, de um comandante americano, foi citada pela agência Reuters poucas horas depois de o secretário de Estado John Kerry advertir a Rússia para ser "muito cuidadosa" nos exercícios de guerra iniciados ontem na fronteira com a Ucrânia.
Homens armados cercaram a sede do governo regional e do parlamento na república autônoma ucraniana da Crimeia nesta quinta-feira e hastearam a bandeira russa, em mais um episódio da escalada de tensão entre Ucrânia e Rússia iniciada em novembro do ano passado.
>> Vídeo da emissora russa RT mostra manifestantes pró-russos e pró-ucranianos se enfrentando em manifestações na Crimeia:
A península da Crimeia, no Mar Negro, é estratégica no Leste europeu. Sob domínio turco otomano até o século 18, foi ocupada pela imperatriz russa Catarina, a Grande em 1783. A Crimeia foi palco do primeiro conflito internacional europeu depois do fim das guerras napoleônicas, em 1854, entre o império russo, de um lado, e o turco e o britânico, de outro. Nos anos 1950, o ditador Nikita Kruschev, de nacionalidade ucraniana, cedeu a Crimeia à Ucrânia, então república soviética.
Com a independência ucraniana e, logo depois, o fim da União Soviética, na última década do século passado, a Crimeia tornou-se república autônoma sob o guarda-chuva da Ucrânia. A maioria da população da península é de origem russa e fé cristã ortodoxa, enquanto uma minoria (12%) é constituída de tártaros, etnia turca de credo islâmico. A Crimeia é a única região da Ucrânia com maioria russa.
Na Crimeia, a cidade portuária de Sebastopol, onde está estacionada a frota russa do Mar Negro, foi arrendada por 25 anos à Rússia.
O parlamento ucraniano designou nesta quinta-feira por unanimidade o pró-europeu Arseni Yatseniuk como primeiro-ministro do governo de transição. Yatseniuk dirigirá o governo de união nacional que tomará as rédeas do país antes das eleições presidenciais antecipadas previstas em 25 de maio.