Passados mais de 60 anos da Revolução Chinesa e depois de uma onda liberalizante, algumas das suas conquistas parecem ainda ter popularidade entre os habitantes do país.
Os méritos de Mao Tsé-Tung o colocam muito acima de seus erros segundo 85% dos chineses, de acordo com pesquisa publicada pela imprensa oficial ontem, véspera de seu 120º aniversário.
Contudo, sua herança continua sendo controversa na China, já que, embora seja honrado como o fundador do regime em 1949, as próprias autoridades pediram discrição nesta data.
Mao também é considerado responsável pela morte de milhões de chineses durante a grande fome provocada pelo "Grande salto adiante" (1958-1961) e por ter levado o país à beira da guerra civil devido a sua "Revolução cultural" (1966-1976). Após sua morte, em 1976, o Partido Comunista Chinês (PCC) declarou que Mao tinha "razão em 70%, e errou em 30%".
Conforme pesquisa publicada na terça-feira pelo Global Times, um jornal do PCC, os chineses mantêm uma boa imagem dele. À pergunta "você acredita que os méritos de Mao superam seus erros?", 78,3% dos entrevistados disseram estar "de acordo", 6,8% "absolutamente de acordo", e apenas 11,7% disse estar em "desacordo"; 3% disse que "não sabe" ou não respondeu.
Quase 90% das pessoas que participaram da pesquisa consideraram que "o maior mérito" de Mao foi ter "fundado uma nação independente graças à revolução".
Contudo, no país, existe uma estrita censura para ter acesso a outra versão que não seja a oficial do PCC sobre os 27 anos durante os quais Mao dirigiu o país. A "grande fome" entre 1958 e 1962 e seu balanço catastrófico é algo ignorado pelo grande público no gigante asiático.
Entre os consultados, os jovens e os mais velhos, com mais instrução, mostraram-se mais críticos em relação à figura de Mao, segundo o publicado pelo Global Times.
A nostalgia do período maoísta se deve em grande parte à desigualdade cada vez maior entre ricos e pobres, segundo o jornal. "A igualdade é mencionada como o segundo maior e mais popular mérito de Mao", destaca um pesquisador da Academia de Ciências Sociais, Zhao Zhikui, citado pela publicação.
A pesquisa foi realizada por telefone com 1.045 pessoas, em grandes cidades como Pequim, Xangai, Cantão, Chengdu, Xi'an e Changsha.