Muito longe do calor do sol, micro-organismos florescem em grandes profundidades sob o leito marinho, afirmaram cientistas em estudo publicado na edição desta quarta-feira da revista Nature.
Biólogos americanos procuravam fragmentos reveladores do código genético em uma amostra de leito sedimentar do Oceano Pacífico, na altura do Peru.
LEIA MAIS: Código genético lança luz sobre microalga especialista em adaptação
Eles buscavam traços de RNA mensageiro (mRNA), que indicam a presença e inclusive a identidade de células vivas.
Os resultados revelaram um ecossistema vasto em todas as profundidades marinhas testadas, de 5 a 159 metros, destacou o estudo.
As criaturas microscópicas incluem bactérias, organismos unicelulares primitivos do reino Archaea e fungos.
As assinaturas de mRNA apontam para a proliferação e, inclusive, a movimentação celular. Algumas das proteínas transcritas no mRNA são de flagelos, caudas similares a chicotes que ajudam as células a "nadar" em ambiente fluido.
A população invisível é tão grande que climatologistas podem ter que levá-la em conta ao calcular o "orçamento de carbono" da Terra - a quantidade de gás causador de efeito estufa emitido ou absorvido pela biosfera e comparado com as emissões feitas por humanos.
- As células são muito abundantes lá, mas não têm níveis muito altos de atividade - explicou a ecologista microbiana da Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI), Virginia Edgcomb.
- Mas é uma enorme biosfera e quando se faz a conta, você vê que estamos falando de uma contribuição potencialmente significativa - acrescentou.