Os combates prosseguem neste sábado na cidade estratégica de Quosseir, alvo de uma ofensiva do exército apoiado pelo Hezbollah libanês, enquanto em Istambul, a oposição exige garantias para eventuais negociações com o regime de Bashar al-Assad.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), "os combates e bombardeios registrados neste sábado nas principais ruas de Qousseir são os mais intensos desde o início da ofensiva" das tropas leais a Assad.
- Quseir e as regiões rebeldes ao norte da cidade, como Hamidiye, o antigo aeroporto militar de Dabaa e Aarjun, sofreram intensos bombardeios realizados por forças do regime, que usam mísseis terra-terra - explicou, ao indicar que ao menos cinco rebeldes e dois civis foram mortos neste sábado na cidade.
Segundo uma fonte militar síria, o exército conseguiu penetrar no aeroporto de Dabaa, uma posição-chave na linha de defesa dos rebeldes.
- O exército sírio conseguiu infiltrar-se no interior do aeroporto de Dabaa pelo noroeste, os combates prosseguem - indicou a fonte.
De acordo com militantes, foram as forças especiais do regime apoiadas pelo Hezbollah que realizaram esta ofensiva.
Segundo o diretor do OSDH, Abdel Rahmane, o recrudescimento dos combates se explica pelo desejo do Hezbollah marcar pontos antes do discurso de seu líder, Hassan Nasrallah, por ocasião do 13º aniversário da retirada do exército israelense do sul do Líbano.
Para Ghassan al-Azzi, professor de ciência política na Universidade do Líbano, "os iranianos pediram ao Hezbollah que lutasse nesta guerra que deve definir o futuro da aliança entre o Irã e a Síria e, talvez, o de toda a região".
O controle da cidade de Qousseir é fundamental para os rebeldes, pois esta cidade de 25.000 habitantes está localizada no principal ponto de passagem dos combatentes e armas vindos do Líbano. A cidade também é estratégica para o regime, por estar situada entre Damasco e o litoral, sua retaguarda.
Três aliados da oposição, os Estados Unidos, a Turquia e o Qatar, pediram a realização na próxima semana de uma reunião no Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre "os recentes massacres em Qousseir".
Além disso, os Estados Unidos expressaram preocupação na sexta-feira com a possibilidade do Líbano ser envolvido no conflito sírio, após a onda de violência entre partidários e opositores do regime sírio em Trípoli (norte do Líbano).
Os combates entre partidários e opositores do regime de Assad deixaram pelo menos 28 mortos em seis dias.
"Gesto de bondade"
No plano diplomático, a Rússia concordou em participar da conferência de paz, Genebra 2, proposta por Moscou e Washington, mas a oposição síria reunida em Istambul tem se mostrado cética.
A Coalizão de Oposição síria exigiu na sexta-feira em Istambul "gestos de bondade" do regime de Bashar al-Assad.
- Nós queremos ter a certeza de que quando entrarmos em negociação, o derramamento de sangue acabará na Síria - declarou o porta-voz da Coalizão, Khaled Saleh.
A oposição síria exige que qualquer solução política envolva a saída do presidente Assad e membros de seu regime envolvidos na repressão.
Durante uma recente entrevista à imprensa argentina, Assad garantiu que não renunciará antes das eleições presidenciais de 2014.
No entanto, o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan, declarou na fronteira com a Síria, que "o dia da libertação" neste país está próximo, acrescentando: "as forças da oposição vão derrubar o ditador" Assad.