Procurado número 1 pelos Estados Unidos durante nove anos, Osama bin Laden teve quatro filhos no Paquistão depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. Ele morou em pelo menos cinco confortáveis casas e dois de seus filhos nasceram em hospitais públicos do país. A revelação foi feita pela esposa mais jovem do ex-líder da Al-Qaeda a policiais paquistaneses.
Citada em um relatório policial consultado nesta sexta-feira pela AFP, a iemenita Amal Abdulfattah, 30 anos, detalha grande parte do caminho trilhado pelo chefe da rede terrorista Al-Qaeda, de a sua fuga do Afeganistão, após a intervenção militar americana no fim de 2001, até sua morte, em maio de 2011, em um ataque americano na cidade de Abbottabad, no norte do Paquistão.
Depois de matar o líder da Al-Qaeda, seus dois guarda-costas e um de seus filhos, os americanos levaram os corpos e deixaram para os paquistaneses a decisão do que seria feito com as três esposas e com os filhos de Bin Laden que estavam no local.
Todos foram detidos. As três mulheres são acusadas de entrada e permanência ilegal no país. Segundo fontes da segurança paquistanesa, as duas esposas sauditas se recusaram a falar com a polícia e Amal foi a única a cooperar, segundo este relatório do dia 19 de janeiro.
Amal contou que havia se casado com o líder da Al-Qaeda, pois "queria se casar com um mujahedine" ("combatente do Islã"). Ela teria entrado ilegalmente no Paquistão em julho de 2000. Viajou depois para Kandahar, no sul do vizinho Afeganistão. Após o casamento, passou a vive neste país com o chefe da Al-Qaeda e com suas outras três esposas. A família se separou depois dos atentados de 11 de setembro.
Amal relatou ainda que tinha se refugiado por de oito a nove meses em Karachi com Sofia, a primeira filha do casal. Nesta megalópole do sul do Paquistão, onde as redes islamitas estão presentes, escondeu-se em "6 ou 7 residências" diferentes, com a ajuda de famílias locais e sob a supervisão de Saad, o filho mais velho de Bin Laden.
Também disse que, posteriormente, se juntou a Bin Laden em Peshawar, a principal cidade do noroeste paquistanês. O informe indica que a partir deste momento permaneceram juntos até o ataque de Abbottabad, onde Amal se feriu ao tentar proteger seu marido, segundo os americanos.
Bin Laden e sua família se instalaram na região por cerca de três anos, entre 2002 e 2005, dois deles em Haripur, a uma hora e meia de estrada de Islamabad. Em 2005, mudaram-se para a casa de Abbottabad.
Durante a fuga, Amal teve mais quatro filhos de Bin Laden. Dois nasceram em Haripur: Aasia, uma menina, em 2003, e Ibrahim, um menino, em 2004. Cada parto, segundo Amal, foi realizado em um hospital público da cidade, onde permaneceu por "não mais do que três horas".
Os outros dois nasceram em Abbottabad: Zainab, uma menina, em 2006, e Hussein, em 2008.
Quase 11 meses depois da detenção, as três mulheres de Bin Laden e seus filhos não apareceram em público e permanecem em prisão domiciliar, segundo a imprensa local.
Elas devem ser acusadas em breve pela justiça paquistanesa por entrada e residência ilegal no país. Correm o risco de serem condenadas a penas de prisão antes de serem expulsas.
Neste relatório, a comissão de investigação da polícia recomenda que a iemenita Amal e seus filhos sejam "imediatamente repatriados ao seu próprio país".
A detenção prolongada das mulheres e filhos de Bin Laden no Paquistão, a proibição para ver seus parentes e a incerteza que prevalece sobre o destino delas, alimentam as suspeitas contra autoridades paquistanesas, regularmente acusadas de apoiar movimentos islâmicos.
O secretário de Defesa americano, Leon Panetta, afirmou recentemente que acreditava que pessoas importantes no Paquistão sabiam onde Bin Laden estava escondido antes dos americanos, mas que não tinha uma "prova incontestável".