- Correção: o IGP utilizou apenas aparelhos próprios para o laudo que analisou o suplemento. Não houve auxílio de equipamentos da UFRGS, ao contrário do publicado nesta reportagem entre 19h08min de 29/03/2018 e 12h59min de 30/03/2018. O texto foi corrigido.
Laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP), solicitado pela Polícia Civil, constatou a inexistência de fosfoetanolamina em cápsulas de suplemento da empresa Quality Medical Line. O material analisado foi apreendido em janeiro dentro de um veículo da família do empresário Marco Antônio Freitas Rocha, sócio da Quality, durante a Operação Placebo.
O resultado é semelhante ao constatado em análise realizada pelo Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a pedido do Grupo de Investigação da RBS (GDI).
De acordo com o delegado Rafael Liedtke, titular da Delegacia Especializada na Defesa do Consumidor e da Saúde Pública (Decon), o laudo do IGP também foi anexado ao inquérito policial instaurado para apurar suspeitas de estelionato e crimes contra a saúde pública e contra as relações de consumo.
Exame encomendado por empresa indica autenticidade do produto
Fabricante do suplemento, a Quality Medical Line apresentou um laudo com resultado de um exame que confirma a presença de fosfoetanolamina no produto. O teste foi encomendado pela Quality ao laboratório Avomeen Analytical Services, de Ann Arbor, em Michigan (EUA).
Conforme o laudo, foi analisado o conteúdo de dois frascos do lote 1701053, entre 15 de janeiro e 9 de fevereiro, pelo diretor de projetos da Avomenn, Yizhong Wang, o diretor técnico Sênior, Neelam Varshney e por Andrew Kolbert, diretor presidente e diretor de tecnologia. O número do lote testado é o mesmo das cápsulas examinadas pelo Instituto-geral de Perícias (IGP), que comprovou inexistência de fosfoetanolamina.
Uma cópia do laudo do laboratório americano foi enviada pela Quality à Polícia Civil gaúcha. De acordo com o delegado Liedtke, o documento não será levado em consideração, pois o exame do IGP é considerado "oficial" pelas autoridades.
Contraponto
Daniel Gerber, advogado de Marco Rocha, foi procurado por GauchaZH e respondeu às seguintes perguntas:
1) A Justiça decretou a prisão preventiva dos seus clientes. O senhor pretende apresentá-los?
2) O senhor está adotando medidas para tentar reverter as ordens judiciais de prisão? O senhor acredita que o laudo apresentado pela Quality, que atesta presença de fosfo, será levado em conta pela Justiça?
Respostas de Gerber:
1 — O pedido realizado pelo delegado consistiu em fraude judicial, e já se pediu sua prisão e seu afastamento com as provas de tal ilicitude, motivo pelo qual se aguarda a revisão da decisão inicial que estava baseada em tais ilicitudes. A empresa Quality apresentou noticia crime contra os delegados do Denarc e Decon na 2ª Vara de Alvorada, enviando cópia ao MP, e colocando todos seus sócios e pesquisadores à disposição do Judiciário para demonstrarem a legalidade do produto e operação.
2 — O laudo do IGP assume não ter feito análise química do produto; os laudos internacionais da Quality atestam além de qualquer dúvida a seriedade do produto. No entanto, deve ficar claro que o produto não é vendido no Brasil e, por isso, não se submete às leis brasileiras.