A crise envolvendo o M.Grupo é pontual, restrita a uma empresa e não compromete o mercado imobiliário gaúcho. Essa é a avaliação de dirigentes de entidades representativas do setor no Rio Grande do Sul.
Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RS), Ricardo Sessegolo, que representa 455 incorporadoras, a crise do M.Grupo é concentrada em uma empresa de maneira isolada – que "entrou no mercado sem tradição alguma".
– É difícil avaliar o que houve. Talvez tenham errado a dosagem da sua imobilização financeira excessiva em shoppings, faltando capital de giro para o negócio de incorporação imobiliária, que é completamente diferente e exige também muito capital financeiro e uma eficiente gestão empresarial – analisa Sessegolo.
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O presidente do Sindicato da Habitação do Rio Grande do Sul, Moacyr Schukster, também pontua que se trata de um caso isolado.
– Nós temos um mercado imobiliário muito saudável – tranquiliza Schukster, que representa 6.914 associados.
Corretor há mais de 20 anos na Região Metropolitana de Porto Alegre, Altair Machado dos Santos relata que os comentários levantando suspeitas sobre a saúde financeira do M.Grupo começaram a circular no fim de 2015 entre os profissionais do mercado imobiliário:
– Desde o ano passado, se tem objeção de fazer operações com o grupo.
Não são apenas investidores novatos que estão entre os autores das ações judiciais conta o M.Grupo. Há profissionais com décadas de experiência no mercado financeiro e imobiliário. Além da preocupação individual, há o receio quanto ao impacto na credibilidade do setor.
Diretor da empresa que faz pesquisas imobiliárias Alphaplan, Tiago Dias considera "um absurdo" a situação e avalia que o M.Grupo não tinha conhecimento no mercado imobiliário ao investir. Acredita que a confiança de investidores experientes foi conquistada porque a empresa anunciou ao mercado que estava muito capitalizada.
– É um caso diferenciado mesmo, pois não surgem incorporadores a toda hora. Os pequenos sofrem para crescer em credibilidade. Não vimos isso nos últimos anos no nosso mercado, nem em crises.
Dias sugere que as pessoas investiguem o passado das incorporadoras antes de fazer negócio. Analisando, principalmente, as obras entregues e o atendimento aos compradores.