No episódio do Conversas Cruzadas desta quinta-feira, às 17h30min, o apresentador Léo Saballa Jr. recebe o professor de Economia da UFRGS Róber Iturriet Ávila e o economista e sócio da Liberta Investimentos Matheus Gonzalez para debater se pacote de contenção de gastos anunciado por Haddad é acerto ou erro.
O Conversas Cruzadas vai ao ar de segunda a sexta-feira, no streaming, com os assuntos que mais impactam o público. O espaço discute economia, cidades, política, educação e saúde. O programa é transmitido ao vivo no canal do Youtube de GZH e também pelo site e pelo aplicativo.
O que disseram os participantes
Isenção do Imposto de Renda
A pessoa mais rica no Brasil recebeu, em 2022, R$ 1,3 bilhão de rendimentos e pagou 1,76% disso de imposto. Por quê? Porque existem muitas isenções, deduções. A classe média paga em torno de 12% a 15%, as pessoas muito ricas pagam 4%, 3%, 2%, 1%. Então, na verdade, eu acho que é tímida essa elevação de tributação.
RÓBER ITURRIET ÁVILA
Sobre a proposta de cobrar 10% de imposto sobre a renda de quem ganha mais de R$ 50 mil ao mês.
A ideia geral que foi transmitida é que se um cidadão ganha a partir de R$ 600 mil no ano, ele deveria tributar pelo menos 10% da sua renda. Se por acaso o total de contribuição que ele teve for inferior a R$ 60 mil, ele vai ter que fazer uma contribuição adicional, uma tributação adicional. Vamos ver o que vai compor esses números.
MATHEUS GONZALEZ
Sobre a proposta de cobrar 10% de imposto sobre a renda de quem ganha mais de R$ 50 mil ao mês.
Reação do mercado ao pacote
Esse grupo que paga muito pouco, calculei aqui, dá 0,27% da população, só que, claro, domina o mercado financeiro. Então, esse grupo, evidentemente, vai pagar muito mais, porque eles pagam 1%, 2%, 3%, vão pagar 10%. Então, isso repercute, é claro, sobre os interesses dessas pessoas que são representadas, em grande medida, pelos fluxos do mercado financeiro e, por isso, dá um certo estresse.
RÓBER ITURRIET ÁVILA
Sobre alta do dólar e queda da bolsa após anúncio das medidas.
Acho que o pacote foi tímido, porque não cortou a despesa. Ou cortou muito pouco. Acho que a angústia do mercado era para que a gente tivesse realmente um governo austero, em termos fiscais. E, na prática, a gente viu um aumento de imposto. Uma tentativa de corrigir o problema de gasto, novamente, pelo lado da receita. E não adianta, não vai funcionar.
MATHEUS GONZALEZ
Sobre alta do dólar e queda da bolsa após anúncio das medidas.
Previdência de militares
Não existem mais privilégios no setor público, há muito tempo, a não ser militares, que têm paridade, têm integralidade, contribuem menos, não têm idade mínima, deixam pensão integral, um monte de absurdo, na verdade. Há uma proposta de mudar, o que é louvável, mas ainda assim pouco, é tímido, tinha que ser bem mais.
RÓBER ITURRIET ÁVILA
Sobre as mudanças na aposentadoria de militares.
De todas as medidas que foram anunciadas, essa, na minha percepção, é a única reforma estruturante, de fato. (...) Me parece certo, acho que é uma reforma que tenta igualar, pelo menos, tenta trazer para mais perto a questão das regras dos pensionistas militares para os pensionistas de INSS e outras formas de governo.
MATHEUS GONZALEZ
Sobre as mudanças na aposentadoria de militares.
Impacto dos cortes na economia
Corte de gastos públicos gera recessão, gera desemprego, que foi o que aconteceu no Brasil nos últimos anos. Em 2015, 16, 17, 18, 19. A partir do momento em que o governo passou a elevar gastos públicos, que aconteceu no período pós-pandemia e continuou no governo anterior e agora continua, a economia se recuperou.
RÓBER ITURRIET ÁVILA
Sobre o impacto dos cortes de gastos sobre a economia.
A gente ter um compromisso de menor gasto público, faz com que o juro futuro caia. Então, como em uma família ou uma empresa, quando a gente consegue ter uma economia e trazer menos gasto, um orçamento mais enxuto, a taxa de juros que a gente paga é menor e isso possibilita mais crescimento econômico.
MATHEUS GONZALEZ
Sobre o impacto dos cortes de gastos sobre a economia.